Programado para chegar aos cinemas no dia 20 de julho, o filme Barbie é uma das estreias mais aguardadas neste ano. Para que o projeto saísse do papel, foi necessário um alinhamento prévio com a marca criadora da famosa boneca, a Mattel. Ainda assim, a companhia americana tentou interferir na trama. Segundo a revista Time, o presidente e chefe de operações da Mattel, Richard Dickson, contestou uma cena que julgou não estar alinhada com a marca. Ele viajou até o set de filmagens, em Londres, para conversar com a atriz e protagonista Margot Robbie e com a diretora Greta Gerwig. Para convencê-lo, elas apresentaram a cena ao vivo. “Quando você olha para o papel do roteiro, a nuance não está lá, a entrega não está lá”, disse Margot.
Apesar de não revelar qual a cena contestada, a estrela explicou que o relacionamento com a marca vem sendo construído há certo tempo. Margot, que também é produtora do filme, encontrou-se com o CEO da Mattel, Ynon Kreiz, pela primeira vez em 2018, na tentativa de adquirir os direitos para a versão hollywoodiana da boneca — um projeto antigo da companhia, impulsionado por Kreiz desde que assumiu o cargo, há cinco anos. “Naquela primeira reunião, convencemos Ynon de que honraríamos o legado de sua marca, mas se não reconhecêssemos certas coisas — se não falarmos sobre elas, alguém o faria. Então ele poderia muito bem fazer parte dessa conversa”, disse a atriz.
De fato, o material sobre o filme divulgado até o momento sugere que temas espinhosos devem emergir na trama, o que deve ter preocupado a visão da Mattel. Conforme mostra o trailer, quando começa a questionar sua existência e aparente perfeição, Barbie embarca em uma jornada para o mundo humano em busca de respostas. Lá, se depara com uma realidade que inclui a perspectiva corporativa da marca — com Will Ferrell no papel do CEO e discursos controversos sobre empoderamento feminino.
A ideia alinhada entre a produção do filme e a empresa era, desde o começo, retratar um mundo com diversidade entre as bonecas, para além do visual estereotipado da protagonista loira. “Se [a Mattel] não tivesse feito aquela mudança para ter uma multiplicidade de Barbies, não acho que eu teria tentado fazer um filme da Barbie”, afirmou a atriz à Time. “Não acho que deva ser dito: ‘Esta é a única versão do que a Barbie é, e é isso que as mulheres devem aspirar a ser, parecer e agir'”, completou.