O cineasta Joe Russo, da dupla responsável por Vingadores: Guerra Infinita e Vingadores: Ultimato, vê com otimismo o futuro da indústria do entretenimento em tempos de inteligência artificial e videogames. Na contramão daqueles que temem o que a ferramenta pode significar para direitos trabalhistas e o cenário das artes, ele demonstra animação e surpreende com as expectativas: de acordo com ele, robôs automatizados serão capazes de criar um filme completo em até dois anos.
Em entrevista ao veículo americano Collider nesta segunda-feira, 24, Russo falou com o desenvolvedor do videogame Fortnite, Donald Mustard, e elucidou o que espera que a tecnologia seja capaz de fazer. De acordo com ele, a chegada da geração Z no mercado ultrapassa novas fronteiras, já que a geração cresceu ao lado dos aparelhos contemporâneos e não os teme. “Então, o que pode ser feito é usar a inteligência artificial para engenhar e mudar narrativas, a fim de uma história que evolui constantemente, seja um jogo, filme ou um seriado. Você poderia chegar em casa e pedir ao seu serviço de streaming: ‘Quero um filme estrelado por um avatar fotorrealista de mim e um de Marilyn Monroe. Quero que seja uma comédia romântica porque tive um dia difícil’, e assim o programa renderiza uma história muito competente”, comentou.
A declaração chega após meses de debate acalorado com o avanço do ChatGPT, imagens geradas por IA e tecnologias de deepfake, que recriam rostos e corpos com precisão às vezes quase imperceptível. Em resposta, o desenvolvedor Donald Mustard afirmou que “estamos muito próximos a um estágio de fotorrealismo perfeito”, no qual as especulações de Russo poderiam de fato existir e espectadores seriam capazes de se inserir em qualquer narrativa que queiram, seja ela uma ficção pronta, como Vingadores, ou uma criação inédita.
Para os profissionais das artes, porém, o debate toca em pontos que vão além dos interesses de mercado e da experiência do consumidor: a liberdade artística e o consentimento. Roteiristas de Hollywood, que neste momento protestam por melhores condições de trabalho e pagamentos mais justos, podem facilmente ser substituídos caso a tecnologia chegue a este nível. Já atores perderiam o domínio que têm sobre seus corpos e como são utilizados a fim do entretenimento, como já ocorre em casos de pornografia deepfake. Quanto às ressalvas, Russo diz: “Estou na equipe de algumas empresas do ramo, e, na minha experiência, existem profissionais que estão desenvolvendo IA para proteger o usuário de IA. Infelizmente, estamos nesse mundo e você precisará desta tecnologia em sua vida, porque queira ou não, pessoas que não são amigáveis podem desenvolvê-la de qualquer forma.” “Em 10 anos, você vai dizer ‘não sei como vivi sem isso’, encerrou.