Colleen Hoover, autora de É Assim que Acaba, a VEJA: ‘Escrever me curou’
Aos 44, uma das escritoras mais bem-sucedidas da atualidade fala sobre a receita que atrai tantos jovens mundialmente
Por que seus livros se tornaram um fenômeno global? Gostaria de ter uma resposta, porque muitos escritores me questionam qual é o segredo — e, honestamente, eu não sei responder. Mas acredito que a pandemia da covid-19 e o TikTok criaram um público totalmente novo para esse gênero de romance adulto, despertando novos leitores. Não quero dizer que algo bom saiu da pandemia, mas o fato de que pessoas estão lendo mais é uma coisa boa.
Seu livro mais vendido, É Assim que Acaba, fala de violência doméstica por meio da florista Lily (Blake Lively no filme), agredida pelo marido, o médico Ryle. O que a inspirou a escrever essa obra? Eu tendo simplesmente a entrar em um livro querendo escrever a história que tenho vontade de contar, mas não estabeleço um objetivo específico. É Assim que Acaba terminou sendo muito pessoal para mim, porque quis escrever um livro que achei que faria justiça à história da minha mãe.
Como assim? Esse livro foi vagamente baseado na vida dela (a mãe de Colleen sofreu violência doméstica do pai da autora até conseguir romper o ciclo do abuso quando ela tinha quase 3 anos, e sua irmã, 5). E eu sinto que escrevê-lo me curou de certa forma, então espero que, quando as pessoas assistirem ao filme, elas tenham a mesma sensação que o livro lhes deu.
Quando recebeu a proposta de transformar o livro em um filme, qual foi sua primeira reação? Estava bem nervosa, não vou mentir. É muito assustador entregar seu livro a alguém que pode fazer o que quiser com ele. Então, minha esperança era que o filme permanecesse fiel à história e fizesse os leitores felizes. E acho que a produção manteve isso como um dos objetivos o tempo todo. Eu estava preocupada, mas agora estou orgulhosa do resultado.
Depois de É Assim que Acaba você escreveu É Assim que Começa, falando do romance da protagonista, Lily, com seu verdadeiro amor, Atlas. Já considerou a possibilidade de escrever um terceiro livro dessa saga? Eu nunca digo nunca. Nunca pensei que escreveria o segundo livro — e acabei escrevendo. Mas, sobre um terceiro, eu diria que isso não está nos meus planos atualmente.
Como foi ver o seu maior sucesso literário materializado nas telas do cinema? Foi bem surreal. Poder ver a floricultura da Lily ganhar vida, andar pelo set de filmagem e ver as coisas que descrevi brevemente no livro como objetos na vida real foi maluco. Foi como testemunhar um sonho se tornar realidade.
Publicado em VEJA de 9 de agosto de 2024, edição nº 2905