Como a Netflix virou vilã na greve dos atores de Hollywood
Diretor-executivo da plataforma afirmou que busca acordo para encerrar a paralisação — mas sindicato não parece otimista
A greve dos atores em Hollywood segue a todo vapor, tendo atingido a marca de 100 dias após uma nova suspensão das negociações em 11 de outubro — semanas após o fim da paralisação dos roteiristas. A conversa entre o sindicato dos atores (SAG) e a aliança de produtores (AMPTP) deve ser retomada amanhã, 23 de outubro, e o diretor executivo da Netflix, Ted Sarandos, aproveitou o meio-tempo para expressar suas opiniões sobre o imbróglio.
Em entrevista à revista Variety, Sarandos afirmou ser um “eterno otimista”. “Estivemos na mesa de conversa e fomos receptivos, estamos trabalhando tão duro quanto possível.” A plataforma Netflix se tornou um dos principais algozes da greve, que estourou em 14 de julho após a intensificação do uso de inteligência artificial em Hollywood. Além da regulamentação da ferramenta, os grevistas exigem uma melhor repartição dos lucros do streaming, que não paga residuais ou bônus a seus funcionários independente do alcance, ou sucesso de uma obra — prática que era obrigatória na economia da televisão à cabo.
No mais recente debate, Sarandos e outros executivos abandonaram a conversa após a sugestão de que as plataformas redirecionassem 57 centavos por assinatura para os atores. Mesmo assim, os preços da Netflix aumentaram nos Estados Unidos — e o plano básico foi encerrado em países como Brasil, Alemanha, Espanha, Japão, México e Austrália.
Segundo Sarandos, sua vontade de que a greve acabe vem da preocupação com outros trabalhadores da indústria. “Quero dizer, estamos falando sobre ajudar as pessoas a enfrentarem a instabilidade imobiliária de hoje. A greve custou bilhões de dólares a famílias e comunidades. A nossa indústria compõe 3% da economia nacional e 20% da californiana, então estamos tentando muito acabar com isso.”
Ao mesmo tempo, a empresa tem tomado ações que desagradaram grevistas, como abrir uma vaga para a gerência de inteligência artificial com salário anual de 900.000 dólares. Já os piquetes continuam na frente dos escritórios da plataforma, tendo contado com a presença e apoio de estrelas do serviço como Sarah Paulson, Bryan Cranston, Jane Fonda e Fran Drescher — líder do sindicato.