Dos aplausos à aposta no Oscar: a trajetória de Fernanda Torres em Veneza
Atriz é protagonista de 'Ainda Estou Aqui', drama de Walter Salles sobre o assassinato do político Rubens Paiva por militares em 1971
Na noite italiana de domingo, 1º de setembro, Walter Salles, Selton Mello e Fernanda Torres foram recebidos com 10 minutos de aplausos após a primeira exibição do drama Ainda Estou Aqui, filme que será a grande aposta do cinema brasileiro no mercado exterior em 2024. O furor da ovação deixou Fernanda visivelmente comovida — incapaz de segurar as lágrimas perante o público — e a alavancou não só em conversas sobre a Copa Volpi, prêmio de atuação do Festival de Veneza, como sobre o Oscar, que acontece nos Estados Unidos em março de 2025.
As grandes expectativas advêm tanto dos aplausos quanto de críticas positivas, todas as quais destacam o talento da atriz. Inspirado na história real da família de Rubens Paiva (Selton Mello), o filme acompanha sua família a partir do começo dos anos 1970, quando a ditadura militar no Brasil vivia seus anos de chumbo. Político opositor do regime, ele chegou a se exilar na Iugoslávia na década anterior, mas retornou ao Brasil para viver ao lado da esposa e dos cinco filhos. Foi capturado por militares em janeiro de 1971, torturado e morto. Só 40 anos depois, com a Comissão de Verdade, teve sua morte oficialmente investigada e confirmada. Neste meio-tempo, sua esposa, Eunice (Fernanda Torres), travou a própria busca pela verdade, equilibrando os papéis de ativista, advogada e mãe solo.
Repercussão internacional
Figura central do filme, Torres foi chamada de “deslumbrante” pela revista Variety e, para o jornal britânico The Guardian, é dona de uma atuação “maravilhosa e nuançada”. A publicação Deadline foi mais direta na insinuação dos prêmios que o trabalho da atriz pode ganhar, dizendo: “Um pilar cultural do Brasil, Fernanda Torres atribui delicadeza emocional a Eunice, que denota, por meio dos sinais mais sutis, o quanto a drenou ter que sublimar a ansiedade e a raiva pelo bem da própria família. É um desempenho que deve a catapultar para a corrida do Oscar, 25 anos após a indicação de sua mãe, Fernanda Montenegro, pelo longa que lançou Salles, Central do Brasil“.
A atriz ainda foi elogiada pela revista The Hollywood Reporter — que também citou o histórico da família com o Oscar — e pelo site IndieWire, que a classificou como “uma das melhores atrizes de toda a América do Sul” e rememorou sua vitória como atriz no Festival de Cannes de 1986 por Eu Sei Que Vou Te Amar, de Arnaldo Jabor.
As principais concorrentes
Com encerramento marcado para sábado, 7 de setembro, o Festival de Veneza de 2024 ainda conta com outros filmes muito aguardados em sua competição. Angelina Jolie, por exemplo, pode sair vitoriosa graças a Maria, no qual interpreta a soprano mais bem-sucedida da história, Maria Callas. Coringa: Delírio a Dois, por sua vez, pode dar a Copa Volpi para Lady Gaga, que interpreta uma nova versão da conhecida namorada do vilão, Arlequina — em 2019, afinal, Joaquin Phoenix foi premiado pelo filme anterior.
Outras concorrentes de peso são Tilda Swinton e Julianne Moore, ambas protagonistas de The Room Next Door, novo melodrama de Pedro Almodóvar sobre a amizade de longa data entre uma jornalista e uma romancista. Também se destacam Nicole Kidman pelo erótico Babygirl e Felicity Jones pelo drama histórico The Brutalist.
A decisão cabe ao júri, encabeçado pela francesa Isabelle Huppert e composto pelos membros James Gray, Andrew Haigh, Agnieszka Holland, Kleber Mendonça Filho, Abderrahmane Sissako, Giuseppe Tornatore, Julia von Heinz e Zhang Ziyi. A vitória em Veneza, porém, não garantiria uma indicação ao Oscar para Fernanda Torres. Em 2023, Cailee Spaeny levou a Copa por Priscilla, mas foi esnobada pela premiação americana.
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