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Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
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Filme ‘Ainda Estou Aqui’ emociona e arranca aplausos no Festival de Veneza

Adaptação da obra homônima de Marcelo Rubens Paiva, novo longa de Walter Salles concorre ao Leão de Ouro

Por Mariane Morisawa, de Veneza
Atualizado em 2 set 2024, 15h29 - Publicado em 1 set 2024, 17h30

Com 9 minutos e 46 segundos de aplausos, Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, fez sua estreia mundial na noite deste domingo, 1º, na competição do 81º Festival de Veneza, em sessão de gala na Sala Grande, na presença do diretor e de grande parte do elenco, incluindo Fernanda Torres e Selton Mello. Dava para ouvir as pessoas chorando no terço final do filme. Ao final da exibição, Walter Salles, Fernanda Torres e Selton Mello estavam muito emocionados.

Na exibição para a imprensa, na manhã do domingo, Ainda Estou Aqui também teve recepção calorosa. Dava para perceber os sinais de lágrimas derrubadas por alguns jornalistas. A reação é compreensível: Walter Salles, que não filmava uma ficção desde 2012, com Na Estrada, emociona com a história de Eunice Paiva, mãe de Marcelo Rubens Paiva, autor do livro de mesmo nome em que Ainda Estou Aqui se baseia.

Mãe de cinco filhos, Eunice, interpretada por Fernanda Torres na maioria das cenas e por Fernanda Montenegro nos momentos finais, teve de lidar com o desaparecimento do marido, o engenheiro e ex-deputado Rubens Paiva (vivido por Selton Mello), em 1971, depois de ser levado para dar depoimento por agentes da ditadura militar. Ela se reinventou, ingressando no curso de Direito e se tornando especialista na defesa dos povos indígenas.

Fernanda Torres interpreta uma mulher que tenta proteger os filhos da dor e se recusa a se apresentar como vítima da ditadura. Com uma atuação contida, mas ainda assim emocionante, ela entra na lista de favoritas a uma Coppa Volpi de melhor atriz no Festival de Veneza, mesmo com concorrentes fortes como Nicole Kidman.

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O que a crítica internacional está falando de Ainda Estou Aqui?

A maior parte das críticas publicadas até agora foi positiva. Stephanie Bunbury, do site Deadline, descreve o filme como “uma carta de amor ao Brasil que serve como aviso poderoso da história”. Para a crítica, Fernanda Torres tem a chance de repetir o feito de sua mãe, Fernanda Montenegro, 25 anos atrás, quando ela foi indicada ao Oscar de atriz. Wendy Ide, da Screen International, acha que é uma possibilidade real que a atriz seja indicada ao Oscar. Já Leila Latif, da Indiewire, escreveu sobre Fernanda Torres: “Sua Eunice possui força e estoicismo fenomenais, que fazem com que cada momento de dor que atravessa as fendas de sua armadura seja ainda mais emocionante”.

No The Guardian, Xan Brooks deu três estrelas para o filme. Mesmo sendo menos entusiástico no seu texto, ele
também elogia a atriz: “Torres oferece uma performance brilhante e cheia de nuances como a Mãe Coragem dos Paiva, lutando para manter a casa funcionando e constantemente lutando pela volta do marido – ou, na falta disso, pelo reconhecimento oficial de sua morte”. Jessica Kiang, da Variety, chamou o filme de “profundamente comovente” e “clássico na forma, mas radical na empatia”. Ela termina o texto assim: “Talvez de maneira mais crucial, finalizar o filme com o clã ainda maior de Eunice reunindo-se novamente em um jardim para uma foto sorridente de família o transforma em um conto moral, endereçado àquelas forças no Brasil e além que gostariam de um retorno à repressão e governariam pelo medo. O espírito da Nação que você procura subjugar vai durar mais que você. As pessoas que você tenta oprimir vão viver para te ver insultado e rejeitado pela história, enquanto aquelas que resistem terão canções e histórias escritas sobre elas. Essas pessoas inspirarão
músicas e arte que celebram suas vidas e terão filmes tão doloridos e belos quanto Ainda Estou Aqui feitos em sua homenagem.”

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