Ao longo das mais de duas horas de Velozes e Furiosos 10, o malucão Dominc Toretto (Vin Diesel) escapa da morte em perseguições no Rio de Janeiro, Roma e Los Angeles. Lá pelo finalzinho do filme, já em cartaz nos cinemas, vai atrás de seu algoz em uma autoestrada portuguesa. No outro carro está Dante Reyes (Jason Momoa), o novo vilão psicopata e caricato da franquia. Reyes havia acabado de sequestrar Brian Marcos (Leo Abelo Perry), filho adolescente de Toretto. Sem alternativa viável para resgatar o jovem preso no carro do inimigo, o pai envia uma mensagem para o filho lembrando-o de uma lição de direção. O garoto, então, solta o cinto de segurança, abre a porta do carro e se joga. Do outro lado, Toretto, esse paizão cheio de bom senso, salta por uma rampa e apanha a criança enquanto ela voa pelos ares.
Velozes e Furiosos – Coleção com 7 Filmes
Mais uma vez apelando para sequências sem nenhum compromisso com as leis da física, Velozes e Furiosos 10 reafirma a virtude que tem garantido a sobrevivência: a cara de pau de ser uma franquia capaz de rir de si mesma, e não ter vergonha de abraçar o absurdo. Há anos, seus filmes deixaram de falar apenas sobre corridas clandestinas para se tornar um divertido exercício rocambolesco sobre rodas. Como diz uma personagem, numa espirituosa sacada sobre o grupo: “Trata-se de uma seita com carros”.
No novo enredo, o vilão Dante Reyes busca vingança após Toretto destruir sua família. Sempre da maneira mais espetacular possível, claro, o herói dá a volta por cima. “Você me tirou quase tudo, mas não tirou meu carro”, diz Toretto, antes de se jogar do paredão de uma represa. Em um aceno ao público brasileiro (um dos mais apaixonados pela franquia), há rachas em Ipanema, com uma breve participação da cantora Ludmilla. O elenco é um desfile à parte de “carrões” do cinema, com o retorno de Charlize Theron, Michelle Rodriguez e Helen Mirren — até a latina Rita Moreno, de 91 anos, acelera em cena.
Funko Pop! Movies: The Fast Saga – Dominic
Velozes e Furiosos 10 já entra para a história como o terceiro maior orçamento de Hollywood em todos os tempos, na casa dos 340 milhões de dólares (atrás apenas de Vingadores Ultimato e Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas). O sentimento de despedida, no entanto, permeia a história. Segundo os produtores, o título marca “o início do fim” da franquia, seja lá quantos filmes isso ainda signifique. O novo enredo traz indícios de renovação vindo por aí. Toretto age a todo tempo como se estivesse passando o bastão para o filho Brian — sim, o menino salvo em pleno ar. A loucura segue desenfreada.
Publicado em VEJA de 24 de maio de 2023, edição nº 2842
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