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No mês do orgulho, comédia romântica gay ‘13 Sentimentos’ passa vergonha

Filme nacional quer levar a vivência homossexual para o formato das comédias românticas — mas frustra

Por Thiago Gelli Atualizado em 13 jun 2024, 16h26 - Publicado em 13 jun 2024, 15h49

Se sua vida fosse uma comédia romântica clichê americana, como seria? No filme nacional 13 Sentimentos, estreia desta quinta-feira, 13, nos cinemas, o cineasta João (Artur Volpi) faz essa pergunta constantemente, sempre usando séries não especificadas do hemisfério norte para contextualizar sua vida amorosa. Na faixa dos 30 e poucos, ele acaba de terminar um relacionamento que durou uma década e, pela primeira vez, é jogado na terra sem lei dos aplicativos de namoro voltados ao público gay. O rapaz busca um novo grande amor que seja ainda inspiração para seu primeiro longa — já que o roteiro feito por ele foi considerado imaturo pela produtora. Determinado a virar o jogo, ele passa a sair em mais encontros, sem largar os princípios românticos e a bússola rígida que compõem um parceiro ideal em sua mente. No caminho, uma pedra: para pagar as contas, se embrenha no mundo de vídeos pornográficos amadores, tarefa que vai desafiá-lo e forçá-lo a abrir seus horizontes.    

https://youtu.be/_8HvVd5hpbY?feature=shared

A estrutura da produção brasileira vem de comédias românticas do exterior que buscam introduzir a diversidade sexual no molde que, antes, era dominado por mocinhas carismáticas e galãs viris. Por lá, nasceram Mais que Amigos, Orgulho e Sedução, Vermelho, Branco e Sangue Azul e a série Heartstopper, todas sobre pares de homens em jornadas rumo a um desenvolvimento pessoal, sexual e romântico. Honrosa, a intenção é perfeitamente cabível em uma indústria do entretenimento focada em iluminar universos variados e alavancar vozes para além do esperado — mas, em 13 Sentimentos, extravasa o pior dos efeitos colaterais: a infantilização insossa e forçadamente alegre da minoria que quer celebrar.

Boas comédias românticas, afinal, abraçam nuances que a sinalização de virtude jamais permitiria. De O Casamento do Meu Melhor Amigo a Harry e Sally – Feitos Um para o Outro, são os personagens imperfeitos e o texto afiado que consagram o gênero. Na transposição para uma simpática cartilha genérica sobre uma vivência gay, o diretor Daniel Ribeiro — do notável romance adolescente Hoje Eu Quero Voltar Sozinho — deixa de lado qualquer acidez e a substitui por piadas frouxas, conversas fiadas e referências virtuais datadas. Em um filme que pretende abordar o sexo, qualquer possibilidade menos recatada ou mais constrangedora é prontamente esquivada: João recusa sua carnalidade durante todo o longa, apenas para assumi-la nos últimos minutos em uma bem-vinda, mas constrangedora, cena de sexo cuja duração excessiva e direção afetada faz cada corte adicional parecer uma piada mais engraçada que as intencionais. 

Mais que o público, quem ri são os personagens, sempre estampados com sorrisos forçados de adulação e positividade. Os dentes à mostra querem adentrar a tendência da alegria, que lá fora virou chavão — “queer joy” — e almejam fazer com que personagens LGBT+ no cinema protagonizem mais que histórias tristes ou agressivas. O número vasto de sentimentos, porém, fica só no título. Para que a felicidade catártica jorre da arte, algum grau de contraste é necessário. Ao redor do protagonista, os carismáticos amigos Chico (Marcos Oli) e Alice (Juliana Gerais) tentam, acenando a conflitos mais interessantes, mas seu desenvolvimento é relegado a ocorrer fora da tela, citado apenas em conversas a serviço do egocêntrico João. Nada sobre 13 Sentimentos olha para fora da bolha de seu personagem central, seja para dizer algo de pertinente sobre o mundo ou para construir uma história interessante em si. 

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Há lugar para casais homoafetivos em histórias alegres e românticas, assim como em toda sorte de gênero. Se a proposta almeja inovar o espaço que adentra, contudo, é esperado um pouco de ousadia e inventividade nas lentes — ainda mais quando uma fórmula pueril estrangeira vem parar no berço da pornochanchada. Minorias merecem narrativas que as confortem, mas não tanto quanto obras que as instiguem. Sem estofo, a diversidade no cinema não se diferencia das imagens lustrosas de casais gays que surgem em vitrines ao longo do mês do orgulho, inócuas e convenientes. Nem treze sentimentos  são o suficiente para escapar da sina e, assim, a celebração da diversidade amarga em festa da miopia.

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