Novo ‘Top Gun’ é cancelado por propaganda militar e masculinidade tóxica
Sequência de 'Top Gun: Ases Indomáveis', de 1986, é criticado por cumprir seu objetivo: ser uma obra pró-militar e com público-alvo masculino
Sucesso de bilheteria mundial, Top Gun: Maverick foi cancelado por críticos de cinema por seu conteúdo de “propaganda militar” e “excesso de masculinidade tóxica”. Sequência de Top Gun: Ases Indomáveis, de 1986, o filme lançado agora em 2022 tem Tom Cruise reprisando o papel principal do piloto de caça Pete “Maverick” Mitchell e apresenta uma continuação do primeiro. Sem surpresas, o longa de fato repete a grande homenagem às forças aéreas dos Estados Unidos do primeiro filme e tem como principal objetivo ser um filme de ação com apelo nostálgico. O que tem incomodado a crítica seria a falta de narrativa feminista dentro da obra e o clichê do herói salvando o mundo.
Em 1986, o primeiro Top Gun foi concebido em meio a uma ressaca da Guerra do Vietnã e da Guerra Fria, com a intenção de glamorizar os militares e incentivar jovens a se alistarem no exército americano. O Pentágono e o governo ajudaram na produção do filme desde que pudessem palpitar no roteiro. A única interferência foi na construção do papel de Charlotte “Charlie” Blackwood (Kelly McGillis), par romântico de Cruise, que virou uma civil instrutora da Escola de Armas de Caças da Marinha, em vez de uma pilota colega de Maverick. A determinação foi provocada pelo fato de que uma relação amorosa dentro da instituição poderia ser malvista.
Democrata declarado, o próprio Tom Cruise disse ter se arrependido de como o filme se tornou uma propaganda militar e que não tinha intenção de fazer uma continuação. Apesar disso, ele retornou ao papel do piloto rebelde, que agora abandona um pouco o patriotismo vazio para abraçar outras causas: ainda traumatizado com a perda do melhor amigo, Nick Goose (Anthony Edwards), morto em um treinamento no primeiro filme, tenta reaprender habilidades sociais básicas, como a confiança, o trabalho em equipe e a importância da família.
Top Gun: Maverick mantém a sequência de cenas de ação, com vários pilotos exalando masculinidade e testosterona. Até existe uma pilota no grupo de jovens aprendizes de caças da Marinha, mas o destaque fica para Cruise, que aos 59 anos pilotou de verdade as aeronaves que aparecem em cena. O público-alvo do longa pode até ser homens de 40 e poucos anos, que admiram o aspecto do herói americano, mas o filme, que sempre teve essa intenção de qualquer forma, também agrada jovens e está prestes a bater uma arrecadação de quase um bilhão de dólares ao redor do mundo.