Lançado em 1975, o suspense Tubarão é um clássico do cinema dirigido pelo americano Steven Spielberg, mas a repercussão do longa alimentou uma polêmica que, hoje, traz arrependimento ao cineasta. Em uma entrevista concedida no domingo, 18, a um programa da BBC Radio 4, o cineasta disse que lamenta o impacto que o filme teve sobre a caça predatória da espécie marinha. “Eu, verdadeiramente, até hoje, me arrependo da dizimação da população de tubarões por causa do livro e do filme”, admitiu.
Baseado no romance de Peter Benchley, Tubarão retrata a cidade turística fictícia de Amity Island, aterrorizada por um grande tubarão branco. Três homens, então, se juntam para capturar o animal. “Essa é uma das coisas que ainda temo. Não ser comido por um tubarão, mas que os tubarões estão de alguma forma bravos comigo por alimentar o frenesi de pescadores esportivos malucos que aconteceu depois de 1975”, explicou Spielberg. “
Segundo pesquisas, a publicação do livro e a adaptação para as telonas teriam contribuído para um declínio populacional da espécie nos Estados Unidos, dada a mudança na percepção pública sobre os tubarões. Pintados como brutais assassinos, eles viraram alvo de muitos pescadores, até mesmo dos mais amadores. Benchley, morto em 2006, também sinalizava remorso com sua própria narrativa, chegando a se tornar defensor das feras ao longo da vida. “Sabendo o que sei agora, nunca poderia escrever esse livro hoje. Os tubarões não têm como alvo os seres humanos e certamente não guardam rancor”, disse o escritor em uma ocasião.