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Oscar 2023, o veredicto: Confira críticas dos indicados a melhor filme

Premiação acontece no domingo e principais produções já podem ser vistas no streaming

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 mar 2023, 16h31 - Publicado em 8 mar 2023, 15h05

Nesta terça-feira, 7, a Academia de Hollywood encerrou as votações que definem quem serão os vencedores do Oscar 2023. O resultado será apresentado na cerimônia de domingo, no dia 12 – e pode ser assistido no Brasil pelo canal pago TNT e pela plataforma de streaming HBO Max. Confira a seguir trechos de críticas dos filmes indicados na principal categoria feitas pela equipe de VEJA e um link para ler o texto completo. 

Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo
Onde assistir: Em cartaz nos cinemas e disponível no Prime Video, da Amazon

Cena do filme 'Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo' -
Cena do filme Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo (//Divulgação)

Poucos lugares no mundo seriam mais inadequados para se ambientar um filme de ação do que um prédio da Receita Federal. Mas no filme Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo os dois cenários cotidianos e desagradáveis se transformam em epicentros de uma batalha que envolve uma modesta família de imigrantes chineses, uma entidade do mal superpoderosa e o destino de, quem diria, toda a humanidade. Na produção independente, dirigida pelos amigos Dan Kwan e Daniel Scheinert — duo de xarás apelidados de os “Daniels” —, tudo o que parece um disparate é rapidamente vertido em originalidade. Fazendo jus ao nome do filme, Tudo em Todo o Lugar não se prende a um gênero. Humor, drama e terror se misturam entre elaboradas cenas de lutas marciais enquanto a missão de salvar o mundo só ganha sentido quando a protagonista Evelyn (Michelle Yeoh) nota que, antes, precisa salvar a própria família da ruína. Leia a crítica completa aqui

Os Banshees de Inisherin
Onde assistir: Em cartaz nos cinemas

Cena do filme 'Os Banshees de Inisherin' -
Cena do filme Os Banshees de Inisherin (//Divulgação)

As opções de entretenimento na ilha de Inisherin, na Costa Oeste da Irlanda, são escassas — especialmente no ano de 1923. Pádraic e Colm (Colin Farrell e Brendan Gleeson, respectivamente) cultivam o hábito de passar suas tardes até o anoitecer no pub local bebendo cerveja e falando amenidades. Pádraic se surpreende quando a rotina diária é quebrada por Colm: o amigo não quer mais gastar seu tempo jogando conversa fora. O termo “amigos”, aliás, já não lhes cabe mais: Colm é categórico ao decidir, de forma unilateral, que a amizade acabou e é irreconciliável. Filho de irlandeses, o diretor e roteirista inglês Martin McDonagh, 52 anos, usa a ruptura da amizade, uma trama simples e cômica que aos poucos ganha contornos violentos, como paralelo para o conflito histórico que marcou a história da Irlanda— uma guerra causada por extremistas e que ainda paira como névoa tóxica sobre o país. Serve também como alfinetada inteligentíssima à animosidade advinda da polarização política atual. Leia a crítica completa aqui

Elvis
Onde assistir: HBO Max

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CARISMA - Elvis (Austin Butler) e o coronel Parker (Tom Hanks): a relação do cantor com o empresário é o fio condutor do filme -
Elvis (Austin Butler) e o coronel Parker (Tom Hanks): a relação do cantor com o empresário é o fio condutor do filme (./Warner Bros)

Por muito tempo, a imagem pública de Elvis Presley não honrou sua real importância na música e na cultura pop. Desde sua morte, aos 42 anos, em 1977, o Elvis que ficou foi o da grosseira caricatura em que havia se convertido no fim da vida: decadente, cafona e inchado pelo consumo de remédios e álcool. Nos últimos anos, no entanto, uma operação de resgate foi colocada em prática com o intuito de resgatar a imagem “cool” do músico. Um esforço que passa por tirar de cena o artista deprimente da fase Las Vegas e enaltecer a energia e o carisma revolucionários de sua juventude, bem como a autenticidade do amor que nutria pelas raízes negras da música americana. É esse ídolo retocado que surge na mesmerizante cinebiografia Elvis, dirigida por Baz Luhrmann. Leia a crítica completa aqui

Avatar: O Caminho da Água
Onde assistir: em cartaz nos cinemas

'Avatar — O Caminho da Água' -
Avatar – O Caminho da Água (20th Century Studios/.)

Mergulhador e apaixonado pelo fundo do mar, o diretor James Cameron transporta sua paixão pelo mundo aquático para as cenas do filme, sequência de Avatar (2009), em uma extravagância cinematográfica orçada em 350 milhões de dólares. A obstinação de Cameron em subir sempre mais um degrau técnico no modo de fazer cinema, numa mistura das vocações de cineasta e engenheiro (ele, aliás, não tem formação acadêmica em nenhuma das áreas), empurra os atores a evoluir junto com ele. No primeiro filme, o elenco se embrenhou por florestas no Havaí para entender como seria a vida de um Na’vi, a espécie de tez azulada de Pandora — planeta fictício que faz brilhar os olhos dos terráqueos com suas riquezas naturais. O tema do roteiro, então, era a exploração desenfreada do meio ambiente em prol do lucro. Desta vez, estrelas hollywoodianas tiveram treinamento especial para atuar num gigantesco tanque de 3 milhões de litros de água, com direito a aulas para segurar a respiração pelo maior tempo possível. Kate Winslet, que trabalhou com Cameron em Titanic, estreia no universo de Avatar com o recorde entre os atores no mergulho em apneia: a atriz bateu sete minutos sem respirar. Leia a crítica completa aqui

Os Fabelmans
Onde assistir: em cartaz nos cinemas e aluguel em plataformas VOD

FAMÍLIA - Dano e Williams como pais de Sam (Mateo Zoryan): almas opostas -
OS FABELMANS - Dano e Williams como pais de Sam (Mateo Zoryan): almas opostas (Merie Weismiller Wallace/Universal Pictures/.)

Em Os Fabelmans, Steven Spielberg observa as dores e alegrias de sua infância e adolescência usando uma família fictícia como espelho da sua. Traça ainda uma comovente carta de amor ao cinema: ele é representado no longa por Sam Fabelman (Mateo Zoryan na infância e Gabriel LaBelle na juventude), um garoto que desde pequeno sonha em fazer filmes. De quebra, o diretor presta um tributo à mãe, Leah Spielberg. Pianista talentosa e dona de um espírito livre, Leah torna-se na ficção Mitzi Fabelman, interpretada com vigor e sensibilidade por Michelle Williams — papel que deve render à atriz uma merecida indicação ao Oscar. Leah morreu em 2017, e o pai de Spielberg, Arnold, em 2020. Diante do luto e do temor causado pela pandemia de Covid-19, o cineasta se perguntou: “Se eu pudesse fazer apenas mais um filme, qual seria?”. A inspiração veio da mãe. Leah manteve por anos um segredo controverso na vida amorosa — que provocaria uma ruptura drástica na visão de Spielberg sobre a família. Quando o filho ainda adolescente descobriu seu pecado, ela implorou que ele não contasse a ninguém. Décadas mais tarde, a própria mudou de ideia. “Steven, essa história daria um belo filme, não?”, sugeriu Leah. Leia a crítica completa aqui

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Tár
Onde assistir: em cartaz nos cinemas

Cate Blanchett em 'Tár'
Cate Blanchett em Tár (//Divulgação)

Vivida com energia mesmerizante pela australiana Cate Blanchett, a protagonista Lydia Tár não é uma pessoa de verdade, mas resume certa categoria que o mundo conhece bem: os humanos que chegam ao topo e, de tão inflados, tornam-se intimidadores, ditatoriais — ou coisas piores. É um posto, claro, quase sempre masculino. Mas calha de Tár ser a primeira mulher a mandar na orquestra que já foi regida por machos alfa como o austríaco Herbert von Karajan. Do alto de seus louros, Tár jura que ela nunca teve problemas com o machismo: “No que diz respeito ao preconceito de gênero, não tenho do que reclamar”. O filme causou desconforto em parte da crítica especializada e entre pessoas do meio da música clássica. O nível de desorientação nas críticas só ilumina a maior virtude de Tár: a de torpedear com sutileza certezas preestabelecidas. Field criou um fascinante quebra-cabeça em que muito do que acontece não é dito ou mostrado — e a trama ganha uma riquíssima segunda vida na imaginação do espectador e na internet. Fica no ar a verdadeira natureza da relação da regente e suas assistentes. Ao se ligar os pontos, contudo, os pecados de Tár surgem cristalinos e se adivinha sua via-crúcis pública. Leia a crítica completa aqui

Nada de Novo no Front
Onde assistir: na Netflix

TRINCHEIRA - Paul (Felix Kammerer): jovens soldados manipulados para lutar numa guerra sem sentido -
NADA DE NOVO NO FRONT - Paul (Felix Kammerer): jovens soldados manipulados para lutar numa guerra sem sentido (Reiner Bajo/Netflix)

Paul (Felix Kammerer) é um jovem alemão deslumbrado com o discurso nacionalista do Exército. Ele falsifica a assinatura dos pais e se alista para o confronto contra a França, na região que abrigou o trágico fronte ocidental da I Guerra. O entusiasmo acaba no minuto em que ele chega à trincheira e vê a morte por todos os lados. A jornada de Paul é narrada pelo clássico livro de mesmo nome do autor alemão Erich Maria Remarque, de 1928. Neste novo filme, a primeira adaptação feita pelos alemães — Hollywood fez sua versão em 1930, que ganhou o Oscar —, a glamorização da guerra, a manipulação feita pelos poderosos e a inutilidade do confronto são apresentadas de forma impactante. Mais de 100 anos depois do conflito que limou 20 milhões de vidas, a história continua assustadoramente atual. Leia a crítica completa aqui.

Top Gun: Maverick
Onde assistir: Paramount+ e no Telecine

ACROBATA - Tom Cruise no novo filme: cenas reais com o ator pilotando o avião -
ACROBATA – Tom Cruise em Top Gun: Maverick: cenas reais com o ator pilotando avião (Paramount Pictures/.)

Caso raro numa indústria que adora franquias, o arrasa-quarteirão Top Gun (1986) levou 36 anos para ganhar, enfim, uma sequência: Top Gun: Maverick, com Tom Cruise de novo no papel do piloto Pete “Maverick” Mitchell. Aos 59 anos, o ator deixa sua versão de 20 e poucos no chinelo. Se no primeiro filme as cenas eram feitas por dublê, aqui Cruise desfila habilidades físicas invejáveis e a capacidade de pilotar caças — o astro conduz de verdade as aeronaves supervelozes. Curiosamente, a demora da continuação estava diretamente ligada ao conturbado clima político dos Estados Unidos nos últimos anos. A ideia do “herói americano” foi esmorecendo conforme se acumularam casos de depressão e estresse pós-traumático entre os veteranos de guerra. Agora, o clima é outro. Maverick, o piloto rebelde, abandona o patriotismo vazio para abraçar outras causas: ainda traumatizado com a perda do melhor amigo, Nick Goose (Anthony Edwards), morto em um treinamento no primeiro filme, ele terá de reaprender habilidades sociais básicas, como a confiança, o trabalho em equipe e a importância da família. Leia a crítica completa aqui

Triângulo da Tristeza
Onde assistir: em cartaz nos cinemas e no Prime Video, da Amazon

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OSTENTAÇÃO - Yaya e Carl (Charlbi Dean e Harris Dickinson): a futilidade dos influencers -
Triângulo da Tristeza – Os protagonistas Yaya e Carl (Charlbi Dean e Harris Dickinson): a futilidade dos influencers (Diamond Films/Divulgação)

Ambientado principalmente em um cruzeiro de luxo, o filme deu ao diretor sueco Ruben Östlund sua segunda Palma de Ouro no Festival de Cannes – ele já fora premiado em 2017 com The Square: a Arte da Discórdia. Assim como naquele drama sobre os absurdos do mercado de arte, Östlund se vale aqui da ironia cortante para examinar outro universo: o dos super-ricos que escancaram seus excessos e sua falta de conexão com o mundo real. Triângulo da Tristeza reforça com louvor uma leva de filmes e séries que observam de perto a classe AA+, como os afiados The White Lotus, O Menu e SuccessionLeia a crítica completa aqui

Entre Mulheres
Onde assistir: em cartaz nos cinemas

FANATISMO - As mulheres do filme: reações opostas diante do machismo e da exploração sexual
ENTRE MULHERES – As mulheres do filme: reações opostas diante do machismo e da exploração sexual (Michael Gibson/MGM/.)

Indicado a filme do ano e roteiro adaptado no Oscar, o impactante Entre Mulheres reforça a leva de longas que introduzem complexidade incômoda nas tramas sobre abuso na esteira do #MeToo. Ao contrário de obras como Tár ou Ela Disse, que usam as relações profissionais para falar sobre o tema, aqui a fonte da opressão não é uma pessoa em posição de poder, mas o fundamentalismo religioso. Filosófico e com tom reflexivo, o filme se passa quase todo dentro de um estábulo, onde diálogos de fundo teológico deixam entrever o papel da defesa religiosa da submissão feminina nos abusos. Leia a crítica completa aqui

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