‘Priscilla’: filha de Elvis se opôs fortemente ao filme antes de morrer
Antes de morrer, em janeiro, Lisa Marie Presley escreveu e-mails para a diretora Sofia Coppola criticando a representação do pai no longa
Antes de sua morte em 12 de janeiro, aos 54 anos, a cantora Lisa Marie Presley (1968-2023) fazia questão de exaltar a cinebiografia Elvis, do diretor Baz Luhrmann, cuja produção acompanhou de perto. Já o novo filme de Sofia Coppola, Priscilla, não recebeu o mesmo apoio da filha do rei do rock. A revista americana Variety teve acesso exclusivo a dois e-mails enviados para a diretora por Lisa Marie, quatro meses antes de sua morte. Após ler o roteiro, ela pedia para que Sofia reconsiderasse a forma como retrataria Elvis na narrativa e poupasse a família do constrangimento público.
Programado para estrear em 26 de dezembro, o longa mostra o astro sob um ponto de vista diferente, já que o foco da história é o relacionamento de Elvis com sua ex-mulher, Priscilla Presley, a mãe de Lisa Marie. A relação começou em 1959, quando Elvis tinha 24 anos, e Priscilla 14. “Meu pai só aparece como um predador e manipulador. Como filha dele, ao ler isso, não vejo nada do meu pai nesse personagem. Eu não vejo a perspectiva de minha mãe sobre meu pai. Eu leio e vejo sua perspectiva chocantemente vingativa e desdenhosa e não entendo o porquê”, questionou Lisa Marie em um dos e-mails.
O posicionamento é polêmico, uma vez que, para conceber o filme, Sofia Coppola se baseou no livro de memórias Elvis and Me (1985), da própria Priscilla — que vem participando da divulgação do filme e afirma tê-lo adorado, além de ser uma das produtoras executivas do projeto. Em um segundo e-mail, a cantora disse à diretora que se manifestaria contra a produção e a própria mãe. “Serei forçada a estar em uma posição em que terei que dizer abertamente o que sinto em relação ao filme e ir contra você, minha mãe e este filme publicamente”, escreveu. Ela ainda dizia se preocupar que a mãe não estivesse enxergando as nuances e intenções por trás do filme e como a imagem de Elvis poderia ser afetada.
“Eu achava que, de todas as pessoas, você entenderia isso”, apelou Lisa Marie, em alusão à família Coppola, que carrega boa dose de fama em Hollywood. A cantora acrescentou que teve de explicar para suas duas filhas pequenas que haveria um filme que tentaria retratar o avô delas de uma forma muito ruim, mas que era tudo mentira. “Elas passaram por tanta coisa nos últimos sete anos, aguentando o meu divórcio e a terrível batalha por custódia, e depois a perda do irmão” — seu filho Benjamin Keough, foi morto por suicídio aos 27 anos, em 2020. Lisa Marie aproveitou para exaltar o filme de Luhrmann como um respiro para o sofrimento da família na época. “Nos deixou muito orgulhosos porque era uma representação verdadeira de quem ele realmente era”, completou.
Em resposta, Sofia Coppola escreveu: “Espero que, quando assistir ao filme final, você se sinta diferente, e entenda que estou tomando muito cuidado ao homenagear sua mãe, ao mesmo tempo em que apresento seu pai com sensibilidade e complexidade”.
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