Robert De Niro a VEJA: “Fiz quase tudo o que queria fazer”
O ator de 79 anos fala sobre seu papel de general que luta contra o fascismo em 'Amsterdam'. Comenta ainda sobre as tendências autoritárias no mundo atual
Qual a importância de um filme como Amsterdam num momento em que a extrema direita ganha força em diversos países? Quando conversei com o diretor David O. Russell sobre o filme pela primeira vez, ele disse que seria baseado no general Smedley Butler. Nunca tinha ouvido falar nele, e David me deu um livro sobre sua história para eu ler. Fiquei impressionado com o que ele fez naquela época e sobre toda a máquina de guerra que comandou. Butler era bem respeitado e amado pelos soldados. Ele era um herói. E, no entanto, era alguém que era contra o establishment militar, algo muito incomum para a época.
Como avalia as turbulências políticas da atualidade? Lembro-me de quando eu era criança, e dizíamos que o Holocausto era um pesadelo que jamais experimentaríamos novamente. Mas à medida que envelheço, especialmente nos últimos cinco ou seis anos, me parece possível que esse tipo de coisa possa acontecer novamente. É inquietante, muito inquietante.
Em sua longa carreira, há ainda personagens que faltou interpretar? Sim, ainda tem alguns. Há um projeto com o próprio Russell sobre (o milionário americano) Rockefeller, que eu gostaria de interpretar. Não sei se faremos, mas já avançamos bastante. Nunca se sabe. Na verdade, quando olho para trás, eu vejo que fiz quase tudo o que queria fazer.
Publicado em VEJA de 12 de outubro de 2022, edição nº 2810