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Felipe Moura Brasil

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Análises irreverentes dos fatos essenciais de política e cultura no Brasil e no resto do mundo, com base na regra de Lima Barreto: "Troça e simplesmente troça, para que tudo caia pelo ridículo".
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A vantagem de ser “reaça” no país do “Esquenta” – e o que está por trás dos casos DG e Victor Hugo Deppman

Por Felipe Moura Brasil Atualizado em 2 dez 2016, 20h16 - Publicado em 3 Maio 2014, 20h28

michael-jacksonSe a gente faz uma piada de política que envolve o Michael Jackson, por exemplo, atingimos não só a pessoa que gosta de política, mas também a que gosta de Michael Jackson.

Esta foi uma das lições que Cleyton Boson, coordenador de mídias sociais da Prefeitura de Guarulhos, ensinou aos militantes virtuais do PT no “camping digital” do partido.

Tenho dó dos escoteiros petistas, coitados, obrigados a queimar seus parcos neurônios para estabelecer uma conexão entre estrelas do show business internacional e assuntos corriqueiros da política brasileira. A vantagem de ser “reaça” num país de celebridades de esquerda é nem precisar caprichar na analogia. De Fabio PorchatGabriel O Pensador, de Jean WyllysManoel Carlos, de Regina Casé a Caetano Veloso, os próprios “famosos” que eventualmente serviriam como chamarizes são os mesmos que fazem por merecer todas as piadas – embora insistam em trazê-las prontas.

DeppmanSe o PT tem Michael Jackson, eu tenho o “Esquenta” inteiro. Meu artigo sobre a edição especial em homenagem ao dançarino morto DG atingiu 8 milhões de pessoas, entre elas o tio de Victor Hugo Deppman, o jovem assassinado por um menor na porta de casa há um ano, mesmo após entregar o celular. Demerval Riello não mora mais no Brasil “devido ao incidente”, mas comentou aqui: “Eu me revoltei, não com a morte do rapaz, que lamento muito, mas pelo fato de meu sobrinho não ter tido essa mesma exposição, porque talvez ele fosse um loirinho, um trabalhador, que não andava numa favela com traficantes, talvez por não ser gay ou porque o caso dele não envolveu policiais que, cumprindo sua obrigação, são achincalhados pela Rede Globo. Regina Casé esqueceu de citar o bailarino do programa envolvido com tráfico de drogas, mas esse também não dá ibope.”

Os versos “Eu fumo, eu fumo, eu fumo mesmo / Curto minha viagem / E de vez em quando / Até vejo miragem”, da música de DG e um parceiro, cantada por ambos em vídeo no Facebook, tampouco foram citados. Não pega bem mostrar a vítima como um maconheiro confesso, orgulhoso – para não dizer apologista – do hábito. Vai que as pessoas associam o uso de drogas às “saudades eternas” do Cachorrão, aos “amigos” de “bico” na mão, ao suposto churrasco com o foragido Pitbull, à fuga pulando de laje em laje, e concluem que ele não era apenas “um dos dançarinos mais alegres e queridos pelas crianças”, ainda que isto não justifique a sua morte, não é mesmo? Só quem pode chegar a conclusões – muito mais graves e sem provas; e não só morais, mas de culpabilidade – são os acusadores da PM, é claro.

(Ou Wagner Moura, o garoto-propaganda do PSOL para quem a morte do coronel Paulo Malhães “é queima de arquivo” e “mostra como as forças conservadoras são atuantes”. Será que ele viu o caseiro do coronel estudando Thomas Sowell?)

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Captura de Tela 2014-05-03 às 01.32.42A irmã de Demerval e mãe de Victor Hugo se tornou, aliás, uma das vozes mais contundentes no combate à lei de maioridade penal, aquela mesma que os exploradores psolistas da morte de DG [ver print] defendem com unhas e dentes. Marisa Rita Riello Deppman não quer que “aquele bandido, aquele verme sem-vergonha” que matou seu filho fique na cadeia por apenas três anos, em muitos casos reduzidos a meros nove meses, porque acha que ele vai voltar lá para o bairro onde ela mora e vai matar outro jovem de celular na mão – assim como o adulto Pitbull, foragido após receber o benefício do regime semiaberto, voltou lá para o PPG e continuou sendo o “frente” do morro. “Prisão é um mau negócio“, diria Marcelo Freixo, de modo que bom mesmo é bandido solto na porta de casa ou em confronto com a polícia, para, quando morrer alguém no fogo cruzado, o PSOL poder culpar a PM e exigir a desmilitarização. O cinismo socialista é assim: explora politicamente o ressentimento de pobres e negros contra o mesmo Estado que se fortalecerá ainda mais com a aprovação de suas propostas, como a PEC 51.

Traficante PPG com menoresEm agosto de 2013, Marisa Deppman afirmou na Comissão de Direitos Humanos do Congresso Nacional: “Os traficantes armam os menores para a linha de frente porque eles sabem exatamente disso: o ECA os protege.” Só faltou dizer: a cartilha do Freixo também. A esquerda socialista não se importa que os Pitbulls do Brasil reforcem o seu poder com a turma da “caixa baixa”. Uma semana após a morte de DG, a ‘maldita’ PM prendeu em Cabo Frio outro traficante do PPG, Paulo Vitor Souza da Costa, de 20 anos, conhecido como Pavãozinho, e junto com ele – adivinhe! – dois menores, um de 16 e outro de 17, com 40 pedras de crack, farto material para endolação e um revólver calibre 38 com duas munições intactas. Paulo Vitor teria migrado para a Região dos Lagos exatamente após o início dos conflitos entre bandidos e polícia na favela da Zona Sul e – oh, surpresa! – ele próprio já havia passado pelo Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase) por delitos quando menor de idade. Só mesmo em cabeça de traficante ou psolista teria sido mau negócio deixá-lo preso.

A esquerda do PT e do PSOL é assim: o problema são as doações ilegais para campanhas eleitorais, ela quer proibir as doações legais; o problema são as armas ilegais nas mãos dos bandidos, ela quer proibir as armas legais nas mãos da população civil; o problema é o sistema prisional falho, ela quer deixar os bandidos soltos! No país das soluções agravantes, Marisa Deppman é mesmo uma luz. Sobre a matéria “Dirceu tem cela privilegiada na Papuda, diz oposição“, ela comentou: “Além de padrão FIFA na saúde e na educação, deveria haver padrão ZÉ DIRCEU nos demais presídios do Brasil” – quem sabe com micro-ondas, chuveiro quente e TV de plasma para ver a Liga dos Campeões, como na Papuda.

José de Abreu crop“Agora resta uma pergunta a todas as pessoas e familiares vítimas de violência no país: alguém recebeu visita, telefonema, carta, telegrama, e-mail, ou qualquer outra forma de contato dos membros da Comissão de Direitos Humanos e Minorias???” E quantos terão recebido isso do ator e militante petista José de Abreu, que está firme e forte na disputa para “Puxa-saco do ano de José Dirceu” no Twitter, com todo o seu “nojo” à deputada e cadeirante Mara Gabrilli (PSDB-SP), chamada de “safada sem vergonha” e “venal” em função de seu relato após visita ao presídio? “Pois é, no Brasil os direitos humanos são para os ‘manos’, para a ‘cumpanheirada’; às vítimas e a seus familiares, só os direitos desumanos…

Enquanto 50 mil brasileiros como Victor Hugo Deppman morrem assassinados por ano, sem que seus familiares recebam um décimo da atenção esquerdista que recebeu a mãe “perita” de DG e, em mais de 90% dos casos, sem que os assassinos sejam presos, o PT ensina aos futuros Zés de Abreu da militância a usar Michael Jackson para fazer piada de política. Eu aproveito, é claro. Como comprova a cada dia o “moonwalk” moral das celebridades, nunca antes na história “deste paíf” o Brasil andou tão perfeitamente para trás.

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Felipe Moura Brasil – https://www.veja.com/felipemourabrasil

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[youtube https://www.youtube.com/watch?v=n_3v-_p3ESo?wmode=transparent&fs=1&hl=en&modestbranding=1&iv_load_policy=3&showsearch=0&rel=1&theme=dark&w=620&h=349%5D

PS: Em vez de cair em conversa de esquerdista, negros e pobres deveriam assistir a “Mãos talentosas” (“Gifted hands”), o filme — disponível dublado ou com legendas em espanhol no Youtube — que narra a história do Dr. Ben Carson, sobre o qual escrevi no artigo “O mundo inteiro está cheio de todo mundo“. Que a campanha lançada por Daniel Alves e Neymar – e capa da VEJA desta semana – lhes seja um estímulo para responder à canalhada o que cada um dos brasileiros deveria responder: – #SomosTodosMacacos, mas não somos todos bananas.

(Ok. Eu não sou macaco não.)

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