Quando a esquerda não cria um tumulto para vender a solução, ela tenta se valer do tumulto para vender a solução do mesmo jeito.
As manifestações de junho de 2013 foram criadas por petistas como Gilberto Carvalho e esquerdistas mais radicais para instalar o caos em São Paulo, o qual acabou se espalhando por todo o Brasil e fugindo ao controle. O “rolezinho” no shopping, até onde se sabe, não.
Foi criação da molecada da Zona Leste paulista para um “encontro de fãs” de seus perfis “bombados” do Facebook, com a finalidade declarada de “catar umas minas” (um certo Lucas, que nem é famosinho nas redes, garantiu à Folha ter beijado 16 ou 17 delas em dois rolés), “rever os parça”, “tirar umas fotos” e “dar uma tumultuada”, com “bondes” disparando pelos corredores e números de funk nas áreas largas, o que, no Shopping Metrô Itaquera, no último sábado, acabou em confusão, confronto com a Polícia Militar e – sim – registros de furtos.
Daí – desse arrastão com pegação – para um protesto “contra a opressão e a discriminação” é um daqueles saltos triplos mortais carpados com pirueta de interpretação que só os esquerdistas são capazes de dar, quando precisam adaptar os fatos à teoria marxista da luta de classes. Para o ginasta do pensamento Pedro Abramovay, os “jovens da periferia querem circular por espaços que lhe são proibidos”, “espaços segregados… porque não há nada ali que lhes seja acessível”. É o triplo mortal em prática: começa com “proibidos”, passa por “segregados” e acaba na falta de acesso aos bens de consumo. É a “proibição” metafórica, forçada até o limite do ridículo, para sugerir uma proibição real que, em condições normais, não existe.
O “rolezinho” de esquerda na mídia e nas universidades só faz “dar uma tumultuada” na cabeça de todo mundo. Eliane Brum escreveu: “Os shoppings foram construídos para mantê-los do lado de fora e, de repente, eles ousaram superar a margem e entrar.” O antropólogo Alexandre Barbosa Pereira: “Na própria concepção do shopping, não está prevista a presença desse público, ainda mais em grupo e fazendo barulho.” O sociólogo Paulo Cabral: “A simples presença desses rapazes e moças de periferia em um lugar que não é o deles não só incomoda muito como também representa… uma ameaça… ainda que eles pacificamente se coloquem dentro do shopping, eles estarão ameaçando”. A ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros: “Através dessa manifestação, eles reivindicam participação e presença nesses lugares, que foram reservados a pessoas de mais alta renda, majoritariamente branca.” O secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho: “Esses jovens de periferia também têm direito à diversão e lazer.” E por aí vai, como se a presença de uma multidão baderneira – que também inclui brancos – se equiparasse, em número e comportamento, à de famílias como a do senhor negro que aparece lanchando em uma das fotos do “rolezinho”, alheio à confusão.
Para os pobres e negros, os shoppings são espaços de lazer, onde há décadas eles se divertem e podem fazer as comprinhas possíveis. Para os “rolezeiros”, que sempre os frequentaram, os shoppings agora são pontos de encontro para fazer pegação e tumulto. Só para os esquerdistas é que os shoppings viram símbolos de opressão e discriminação, sobretudo se os proprietários e a polícia reagem à baderna, exigindo um mínimo de educação e ordem de seus frequentadores.
O prefeito de São Paulo Fernando Haddad, do PT, já anunciou que vai negociar com os rolezeiros. Se as manifestações de junho fugiram ao controle dos petistas e se espalharam pelo Brasil, o “rolezinho”, politizado por petistas, intelectuais esquerdistas e movimentos sociais de esquerda, já fugiu ao controle dos “rolezeiros” e está prestes a seguir o mesmo caminho.
O “bonde” agora é dos “companhêru” de novo. Os “parça” são o que eles querem que sejam.
Felipe Moura Brasil – https://gutenberg.veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil
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Pós-escrito: Este artigo ganhou chamada na home da VEJA.com e, entre outros, um ótimo comentário do leitor pobre Gil Diniz, repercutido também no Facebook: