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A dor e o esforço, o ataque e a defesa

A incomparável violência “estética” do boxe,  a chamada “nobre arte”

Por Fábio Altman Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 27 jul 2021, 18h33 - Publicado em 24 jul 2021, 13h15

De quem é a cabeça que está próxima à camiseta vermelha? De quem são os braços de luvas azuis? De quem, de quem? A dança de corpos do boxe na categoria peso pena (até 57 quilos) parece um balé às avessas. O iraniano Daniyal Shahbakhsh – o de uniforme rubro – venceu o marroquino Mohamed Hamout por decisão unânime dos cinco jurados. A fotografia, o átimo de segundo a registrar a dor e o esforço, o ataque e a defesa, simultaneamente, registra a violência “estética” da chamada “nobre arte”. Faz lembrar, de algum modo, trechos do seminal livro A Luta, de Norman Mailer, registro da porfia entre Muhammad Ali e George Foreman, no Zaire, em 1974. Um trecho, na elegante tradução de Claudio Weber Abramo: “A vertigem tomou George Foreman e o revolveu. Ainda dobrado pela cintura, naquela posição de incompreensão, os olhos o tempo todo em Muhammad Ali, começou a desmoronar e a ruir e a cair, mesmo não querendo ir ao chão. Ímãs mantinham sua mente nas alturas do campeonato e seu corpo buscava o chão. Foi ao chão como um mordomo de sessenta anos e um metro e oitenta, que acaba de ouvir uma notícia trágica, sim, caiu ao longo de dois desmoronantes segundos, ao solo foi gradualmente o campeão, e Ali voluteou em torno dele num círculo fechado, a mão pronta para atingi-lo mais uma vez, mas não precisou fazê-lo, uma escolta íntima durante o trajeto para o chão.”

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