Ana Marcela Cunha nem quis saber dos peixes
A brasileira dividiu o ouro com cardumes de kohada, espécie apreciada pelos chefes japoneses na preparação de sushis
Para Ana Marcela Cunha, em resposta à pergunta de VEJA feita na coletiva on-line desta manhã de quarta-feira no Brasil, as águas da Odaiba Marine Park – que ela atravessou em 1h02min30s5, ao longo de 5,2 quilômetros – são como as do Rio Negro, no Amazonas. “A baía é um pouco turva, escura, não se vê direito os pés das adversárias”, disse. “Temos essa condição em muitas provas, mas em outras a transparência dos rios e mares nos deixa ver os cardumes, nadando ao lado deles, embora os motores dos barcos quase sempre os assustem”. Se Ana Marcela não pôde respirar para ver os peixes, as lentes do fotógrafo Jonne Roriz, do COB, viram. Roriz estava numa das plataformas de apoio da competição, onde ficam os treinadores que oferecem alimento para as atletas. Levava duas câmeras a tiracolo – uma com uma lente 70/200 e a outra com uma grande angular, para imagens mais abertas. Chegou a perceber alguns poucos peixes pulando fora d’água e intuiu que poderia ter uma fotografia diferente. Com a 70/200, pôs em cena a brasileira – e clique! Como a câmera era do tipo miroless, sem espelho, afeita a mostrar a imagem imediatamente no visor eletrônico, Roriz logo percebeu o que fizera. “Quando olhei o que tinha feito, pensei, gente…”, diz, modestamente.
A emoldurar Ana Marcelo a caminho do ouro voavam peixes da espécie kohada, ou sável, em português, primo do arenque e da sardinha, comum no Oceano Pacífico. O kohada é muito usado na preparação de sushis. “É top!”, exclama o chef japonês radicado em São Paulo, Tsuyoshi Murakami, do restaurante Murakami.