É inegável que ausência de Usain Bolt se faz presente na Olimpíada de Tóquio, o que não significa, no entanto, que o atletismo jamaicano esteja órfão. Shelly-Ann Fraser-Pryce, de 34 anos, já contou a VEJA que não gosta do apelido “Bolt de saias”, mas está plenamente disposta a igualar a marca do compatriota, tricampeão olímpico dos 100 metros rasos. Soberana na prova em Pequim-2008 e Londres-2012, Shelly teve de se contentar com o bronze na Rio-2016. Diante da frustração, decidiu tirar um período de descanso e cumprir algumas metas pessoais, como ser mãe. Agora, está de volta, e sem freios. Em junho, já deu o recado ao marcar o melhor tempo da carreira (10,63’’), atrás apenas do impressionante recorde de 10,49’’ da americana Florence Griffith Joyner (1959-1998), em 1988 — tão impressionante que sempre levantou suspeitas, numa época em que o controle antidoping não era sequer minimamente levado a sério (como sabemos, 33 anos depois, o problema persiste). Nesta sexta-feira, 30, Shelly-Ann Fraser-Pryce correu sua bateria classificatória no Estádio Olímpico de Tóquio em 10s84. Sua rival jamaicana, a atual campeã olímpica Elaine Thompson-Herah, foi além: 10s82. Outras quatro competidoras correram abaixo dos 11 segundos, e ainda levando em conta que, nos metros finais, as atletas costumam “tirar o pé” e guardar energia para o momento do sprint final valendo o ouro. Questionada se poderia almejar o recorde, Fraser não titubeou: “Claro, definitivamente. Esta é uma pista super rápida”, disse. Alguém ousaria duvidar? A final acontece no próximo sábado, 31.