Brasileiros pagariam mais em passagem aérea para compensar CO2
Até 2050, o setor da aviação civil deverá produzir um quinto das emissões globais de gás carbono
No primeiro trimestre deste ano, a demanda por voos domésticos cresceu 4,3%, em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo informações da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). No mercado mundial, 2016 registrou 3.8 bilhões de passageiros e, de acordo com a Associação Internacional de Transporte Aéreo, organização global com sede no Canadá, a previsão é que o número chegue a 7.2 bilhões até 2035.
O aumento da demanda reflete o crescimento da população global e os preços de passagens aéreas mais acessíveis. De acordo com o Grupo de Ação de Transporte Aéreo, associação suíça sem fins lucrativos, a indústria da aviação produz 2% de todas as emissões de CO2. Especificamente com relação ao setor de transportes, a aviação civil corresponde a 12% da poluição, sendo que os meios rodoviários sozinhos somam 74%.
Com a tendência em vista, a agência IDEIA Big Data fez uma pesquisa para a rede de organizações brasileiras Aliança REDD+. A rede trabalha para atrair novos investimentos para combater o desmatamento ilegal e gerar recursos para o governo e comunidades. Nos dez primeiros dias de abril, foram entrevistados 800 passageiros de voos internacionais. A maioria respondeu que está disposta a pagar um pouco mais na tarifa se o valor for usado para compensar o lançamento de CO2 na atmosfera causado pela viagem.
Alguns números do estudo:
- 89% dos entrevistados não conseguiram citar nenhuma companhia que tenha preocupação com a redução de carbono ou compensação;
- 52% não opinaram sobre a afirmação de que as companhias estão prejudicando o meio ambiente;
- 75% admitiram que voar com uma companhia área que se preocupa com a redução de carbono é importante;
- 68% dos respondentes mostraram disposição de pagar entre 5 e 8 reais a mais por bilhete se soubessem que o valor seria revertido para a redução ou compensação das emissões de carbono do seu voo;
- 18% não estão dispostos a pagar a mais por isso.
A Aliança REDD+ é formada por diversas instituições, como BVRio (Bolsa de Valores Ambientais do Rio de Janeiro), Biofílica Investimentos Ambientais, Fundação Amazonas Sustentável (FAS), Instituto Centro de Vida (ICV), Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam) e Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
No fim de 2018, a Anac divulgou a informação de que iria monitorar e verificar “o volume anual de emissões de dióxido de carbono (CO2) proveniente do transporte aéreo internacional dos operadores aéreos brasileiros para envio dos dados à Organização da Aviação Civil Internacional (OACI)” a partir deste ano. Ainda de acordo com a agência, “o país começa a preparar o caminho para adoção do Mecanismo de Redução e Compensação das Emissões de Carbono da Aviação Internacional (Corsia), que tem a finalidade ambiental de garantir a neutralização das emissões de CO2 na aviação internacional a partir de 2020”.
De acordo com o gerente de Mudanças Climáticas do Idesam, Pedro Soares, “se a aviação civil internacional fosse um país, já estaria entre os dez maiores emissores do planeta. É urgente atacar essa questão de forma imediata”.