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IPCC mostra avalanche de efeitos com aumento de 1,5ºC a 2ºC na temperatura

Relatório divulgado no começo desta semana foi interpretado como o último alerta antes de consequências dramáticas

Por Jennifer Ann Thomas Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 11 out 2018, 11h24
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  • O novo relatório produzido pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), vinculado à ONU, trouxe à tona notícias piores do que o previsto para os próximos anos. Desde o Acordo de Paris, firmado em 2015 por 195 nações, incluindo o Brasil, existe a meta de evitar que a temperatura global aumente 2ºC em relação ao período pré-industrial. Na perspectiva otimista, o ideal seria manter o avanço em até 1,5ºC. Contudo, o estudo divulgado na segunda-feira, 8, na Coreia do Sul mostrou que a diferença entre os impactos causados com essa variação de 0,5ºC seria brutal. Em apenas um exemplo, no ano de 2100 a elevação do nível do mar seria dez centímetros maior no cenário mais quente — isso representa o deslocamento de dez milhões de pessoas que vivem em áreas de risco.

    Todas as estimativas têm a ciência como base. O relatório foi escrito e editado por 91 especialistas de 40 países, que analisaram mais de 6 000 estudos. Ele também será uma referência para a tomada de decisões na COP 24, a principal conferência do clima, que acontecerá na Polônia em dezembro deste ano.

    Atualmente, a temperatura global aumentou 1ºC em relação ao período pré-industrial. Se continuarmos na mesma toada, alcançaremos o 1,5ºC entre 2030 e 2052 — ou seja, dentro da expectativa de vida de boa parte da população!

    Algumas das principais consequências previstas no relatório são:

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    Qual é o caminho para limitar o aumento da temperatura a 1,5ºC?

    Entre as conclusões, distribuídas ao longo de 400 páginas, as emissões de gás carbônico, o CO2, um dos causadores do efeito estufa, têm que diminuir 45% contando a partir de 2010 até 2030 — e chegar a zero até 2050. Para evitar os 2ºC, a redução seria de 20% até 2030 e atingir a meta de emissão zero até 2075.

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    Os gases metano e de carbono negro, ambos de maior impacto negativo na atmosfera, precisam ser cortados em 35% até 2050. Ao mesmo tempo, o IPCC faz um alerta: a transição para a bioenergia pode aumentar o índice de poluição por óxido nitroso, gás emitido pela agricultura.

    No setor de energia, fontes renováveis terão que representar entre 70% a 80% da matriz energética até 2050. Mitigar as emissões dessa área exigirá um investimento de 900 bilhões de dólares por ano entre 2015 e 2050. No total, os custos podem chegar a 3.8 trilhões de dólares. Evitar o aumento de 1,5ºC será 12% mais caro do que o de 2ºC.

    Quanto menor o volume de emissões em 2030, mais fácil será limitar o aumento da temperatura a 1,5ºC. Para que seja possível, o ponto chave do relatório dialoga com o atual momento de eleições no Brasil: governos precisam atuar com políticas que favoreçam o investimento em infraestrutura de baixa emissão e em projetos de adaptação às mudanças climáticas. A transição exige que o poder público e o setor privado trabalhem em conjunto para construir o caminho em direção ao desenvolvimento sustentável. O IPCC já deu o recado sobre o que aguarda a humanidade caso as medidas necessárias não sejam adotadas em escala global, por todas as nações.

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