Queimadas no Pantanal aumentam 530% no primeiro semestre de 2020
Mesmo com a proibição de incêndios em julho, foi detectada uma alta de 12% na primeira quinzena do mês em relação ao mesmo período do ano passado
O Pantanal mato-grossense teve um aumento de 530% nos registros de queimadas no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados foram obtidos a partir de uma ferramenta interativa que será lançada nesta quinta-feira, 23, pelo Instituto Centro de Vida (ICV) para o monitoramento dos focos de calor no estado durante o período de proibição de queimadas.
Os números alertam para um cenário crítico com a chegada da seca em todo o estado, época mais suscetível às queimadas. De janeiro a junho, foram contabilizados 548 focos de calor no bioma. No mesmo período em 2019, foram 87.
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostraram que o volume de chuvas em todo o bioma ficou 50% abaixo do normal no período de janeiro a maio, o que também colaborou para o aumento de incêndios. O Parque Nacional do Pantanal Mato-grossense passou de três para 99 ocorrências e figurou como a unidade de conservação com o maior índice de focos de calor no estado no semestre.
O parque está localizado em Poconé, município do estado que lidera as queimadas no período, seguido por Nova Maringá, Feliz Natal, Paranatinga e Brasnorte. Os imóveis privados com inscrição no Cadastro Ambiental Rural (CAR) ainda respondem por 75% das ocorrências.
No Mato Grosso, as queimadas no primeiro semestre foram lideradas pela Amazônia, com 60,93%, seguida do Cerrado, com 30,95%, e do Pantanal com 8,12%. “O período seguiu o mesmo ritmo alarmante do ano passado, com um pequeno aumento, e as áreas queimadas no Pantanal contribuíram para isso”, avalia Vinícius Silgueiro, engenheiro florestal e coordenador do Núcleo de Inteligência Territorial do ICV, setor responsável pelo desenvolvimento do painel.
Com o aumento de focos de calor registrados até o mês de maio, o governo de Mato Grosso adiantou o período proibitivo de queimadas, iniciado no dia 15 de julho nos anos anteriores, para o dia 1º de julho e o estendeu até 30 de setembro. A legislação estadual vigente prevê o uso do fogo para limpeza e manejo de solo na área rural mediante a autorização de queimada controlada emitida pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema/MT).
A proibição da prática entre os meses de julho e setembro visa evitar incêndios florestais causados pela vegetação mais vulnerável durante a estação da seca e evitar danos à saúde por problemas respiratórios, em 2020 de maior risco devido à pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Paralelamente, no dia 16 de julho o Governo Federal decretou a proibição das queimadas no país inteiro pelo período de 120 dias para conter danos ambientais e de saúde.
No entanto, nos quinze primeiros dias do mês em Mato Grosso, já com a proibição em vigor, foi detectado um aumento de 12% em relação ao mesmo período do ano passado. Foram 754 focos de calor registrados, um aumento de 80 focos em relação a 2019, que somou 674 focos.