Fortaleça o jornalismo: Assine a partir de R$5,99

Isabela Boscov

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Está sendo lançado, saiu faz tempo? É clássico, é curiosidade? Tanto faz: se passa em alguma tela, está valendo comentar. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

A afiada alegoria social e política do drama polonês ‘Supernova’

Na trama, todo o país — em certo sentido, todo o mundo — se junta à beira de uma estradinha regional, para convulsionar em volta de um acidente

Por Isabela Boscov Atualizado em 4 jun 2024, 15h47 - Publicado em 7 ago 2020, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Com os dois filhos pequenos pela mão, a mulher anuncia ao marido que o está deixando. Em momentos, um acidente horrível acontece; o engravatado que dirigia o carrão olha a tragédia que provocou e sai andando — na direção oposta, celular na mão. Chega a ambulância, chega uma dupla de policiais; o mais velho deles fica transtornado com a cena que encontra. Um casal idoso, que viu tudo, chora. Curiosos se aglomeram, um grupo de rapazes atormenta a policial feminina. A essa altura já chegaram também os bombeiros e o chefe de polícia, que não sabe por onde começar a lidar com a batata quente que lhe caiu no colo. Um padre reza pelas vítimas; e, quando o motorista fugido volta pisando duro e dando carteirada, um linchamento começa a tomar forma. Em Supernova (Polônia, 2019), disponível no NOW e outras plataformas, o diretor Bartosz Kruhlik junta toda a Polônia na beira de uma estradinha regional, em uma manhã de domingo: trabalhadores, pessoas simples do interior, autoridades patrimonialistas e os burocratas que se dobram a elas, gente sem perspectiva, jovens ambiciosos, o clero, classes profissionais tolhidas tanto pelos vícios antigos quanto pelos recém-adquiridos do Leste Europeu. Até Deus comparece, na forma de um helicóptero que não consegue pousar, mas instala entre a multidão um clima de fatalismo e de exaustão. É uma catarse que em nada resulta.

    + Compre o livro A História da Polônia

    O drama como alegoria social e política foi durante décadas uma necessidade de um cinema cerceado pela censura dos regimes comunistas, mas se tornou também uma vocação e uma especialidade — na qual Kruhlik demonstra uma fluência, e uma urgência, que galvanizam a atenção. Aos poucos, percebe-se qual o elemento ausente do quadro em que ele mantém sem trégua a sua câmera: a classe média urbana. Não é que o diretor a tenha esquecido; é que ela olha a convulsão social à sua frente e dá meia-volta, indiferente, como se aquilo lhe fosse tão distante quanto a explosão de uma estrela em colapso. Não é só a Polônia que está ali na beira da estrada, enfim — é o mundo.

    Publicado em VEJA de 12 de agosto de 2020, edição nº 2699

    Continua após a publicidade

    CLIQUE NA IMAGEM ABAIXO PARA COMPRAR

    ‘Pam & Tommy’: um escândalo real com sexo, intrigas e videotape‘Pam & Tommy’: um escândalo real com sexo, intrigas e videotape
    A História da Polônia
    logo-veja-amazon-loja

    *A Editora Abril tem uma parceria com a Amazon, em que recebe uma porcentagem das vendas feitas por meio de seus sites. Isso não altera, de forma alguma, a avaliação realizada pela VEJA sobre os produtos ou serviços em questão, os quais os preços e estoque referem-se ao momento da publicação deste conteúdo.

    VEJA RECOMENDA | Conheça a lista dos livros mais vendidos da revista e nossas indicações especiais para você.

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.