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Isabela Boscov

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“Doentes de Amor” e “De Volta para Casa”

Duas comédias românticas bem diferentes para o fim de semana

Por Isabela Boscov Atualizado em 20 out 2017, 19h43 - Publicado em 20 out 2017, 19h42
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  • É muito bonitinha a maneira como Kumail Nanjiani (o Dinesh de Silicon Valley) conta a história do romance que virou sua vida de ponta-cabeça em Doentes de Amor, que está nos cinemas. Paquistanês cuja família emigrou para os Estados Unidos quando ele estava ainda no começo da adolescência, Kumail – que interpreta a si próprio – passou anos driblando as tentativas dos pais de colocá-lo num casamento arranjado, à moda paquistanesa: fingia que estava considerando a hipótese e, terminado o jantar semanal com a candidata da vez, ia cuidar da vida do seu jeito. Ou seja, tentando a sorte na comédia stand-up de Chicago, empurrando com a barriga a ideia de cursar Direito e, aí o inesperado, apaixonando-se pela universitária Emily Gordon (como ela não é atriz, quem a interpreta no filme é Zoe Kazan). Emily de paquistanesa não tinha nada; era americana da gema. Se a família de Kumail ficasse sabendo do namoro, seria um escândalo (mesmo; nenhum dos parentes foi visitar o bebê de um primo dele que se casou com uma irlandesa).

    Doentes de Amor
    Doentes de Amor (Califórnia/Divulgação)

    Sem saber o que fazer, Kumail não fez nada: manteve os pais na ignorância da namorada, e a namorada na ignorância das complicações. Até que uma hora, claro, a corda arrebentou – e quando Emily ficou muito doente, logo em seguida, ele não só caiu em si (era ela “a” garota), como teve de pular miudinho para convencer os pais dela (Ray Romano e Holly Hunter, ótimos) de que não era um canalha insensível que iria enganar Emily de novo. Seguindo a linha anti-romance de 500 Dias com Ela, o filme é uma graça: espirituoso, refrescante e cheio de observações bem-humoradas sobre as pequenas guerras culturais domésticas. Assim como Aziz Ansari – também de origem paquistanesa – na série Master of None, Kumail toca de maneira direta, mas delicada, no egoísmo dos filhos de imigrantes que não percebem o sacrifício que os pais fizeram ao deixar seu país natal para trás, e da perplexidade desses pais quando percebem que vai ser impossível obrigar os filhos a viver em Chicago ou Nova York como se estivessem no Paquistão. Uma delícia de programa.

    De Volta para Casa
    De Volta para Casa (H2O Films/Divulgação)

    De Volta para Casa, que também acaba de entrar em cartaz, é mais convencional, mas tem bons momentos – com Reese Witherspoon, eles costumam ser garantidos. Reese é Alice, que acabou de separar do marido (Michael Sheen) e mudou-se com as duas filhas pequenas de Nova York para Los Angeles, para a casa que herdou do pai – que foi um daqueles cineastas independentes festejados dos anos 70, à moda de John Cassavetes. Alice está naquele meio de caminho: não sabe se a separação vai dar em divórcio ou não, se quer ficar em Los Angeles, se um dia vai ter coragem para recomeçar. Por um acaso, ela ganha um trio de hóspedes: três amigos de 20 e poucos anos que fizeram um curta-metragem que rodou os festivais e que agora querem transformá-lo em longa. E, com um deles – Pico Alexander, o mais bonitinho e sem sal do trio completado por Nat Wolff e Jon Rudnitsky –, ela começa uma ficância.

    De Volta para Casa
    De Volta para Casa (H2O Films/Divulgação)

    O bom achado do filme são os relacionamentos cordiais: Alice e o ex-marido não estão em guerra (não, ele não arrumou uma mulher mais nova; o casamento se desgastou mesmo) e ainda são amigos; os meninos são boa gente e bons hóspedes; as filhas de Alice são educadas e fofinhas, e não brigam entre si; e a mãe de Alice (Candice Bergen, muito bonitona) não é uma megera e não fala mal do ex-genro, embora não seja grande fã dele. Só por evitar o clichê das traições e dos relacionamentos competitivos e entender que, mesmo com boa vontade, essas mudanças são difíceis, De Volta para Casa já ganha muitos pontos. E ganharia mais ainda se, nas cenas em que está todo mundo conversando e se divertindo, não encobrisse os diálogos com música, apelando para aquelas montagenzinhas de gente feliz. O bate-papo informal e corriqueiro, quando bem escrito, pode ser muito informativo sobre os personagens (além de divertido). Emudecer as falas é o tipo de preguiça que não se justifica, ainda mais com bons atores em cena.

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    Trailers

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    DOENTES DE AMOR
    (The Big Sick)
    Estados Unidos, 2017
    Direção: Michael Showalter
    Com Kumail Nanjiani, Zoe Kazan, Ray Romano, Holly Hunter, Anupam Kher, Zenobia Shroff, Vella Lovell
    Distribuição: Califórnia
    DE VOLTA PARA CASA
    (Home Again)
    Estados Unidos, 2017
    Direção: Hallie Meyers-Shyer
    Com Reese Witherspoon, Jon Rudnitsky, Nat Wolff, Pico Alexander, Michael Sheen, Candice Bergen, Lake Bell
    Distribuição: H2O

     

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