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Isabela Boscov

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Filhote de The Walking Dead, série World Beyond une adolescentes e zumbis

Dez anos após o início do apocalipse, quatro jovens decidem se arriscar no mundo real na trama da produção, embalada por angústias parentais e geracionais

Por Isabela Boscov Atualizado em 4 jun 2024, 15h02 - Publicado em 9 out 2020, 06h00

Cercados de muros e criados em relativa prosperidade, as irmãs Iris (Aliyah Royale) e Hope (Alexa Mansour) e seus amigos Elton (Nicolas Cantu) e Silas (Hal Cumpston) chegaram à adolescência sem noção real das cruezas que existem para além de sua redoma. Foram informados de que o mundo é brutal, mas não fazem ideia do que isso significa: já lá se vão dez anos de apocalipse e eles nunca sequer estiveram frente a frente com um zumbi. Pois acabam de averiguar que existe um abismo entre a prática e as aulas teóricas sobre como dar cabo de um morto-vivo — as quais, aliás, sempre enfatizaram que a melhor tática não é enfrentá-los, mas sim esquivar-se deles, como se em campo aberto isso fosse possível. Há um bocado de angústia parental pairando sobre World Beyond (Estados Unidos, 2020), nova série derivada de The Walking Dead já disponível no canal AMC: proteger os filhos e assim preservá-los, ou lançá-los na realidade e arriscar perdê-los, eis a questão. Há, também, uma quantidade ainda maior de angústia geracional no enredo: o apocalipse zumbi tem cumprido papel relevante como metáfora para a sensação de terra arrasada que marca os millennials e os integrantes da geração Z e suas dúvidas sobre a capacidade de sobreviver em uma sociedade que parece pautada pela selvageria.

Programada para ter apenas duas temporadas, World Beyond avança na mitologia do universo TWD, completado pela série original, que deve se encerrar no ano que vem, e por Fear the Walking Dead, cuja sexta temporada estreia neste domingo. O jovem quarteto quer descobrir que apito toca a CRM, a obscura milícia que domina sua comunidade; quer resgatar o pai de Iris e Hope, um cientista de renome, que há anos a CRM mantém incomunicável; e, mais que tudo, quer medir suas chances e a sua própria estatura individual nesse mundo que, apesar de terrível, é para eles em tudo excitante. Com visual mais baratinho que o das primas e um elenco que nem sempre diz a que veio — o articuladíssimo Nicolas Cantu é a exceção —, World Beyond acerta ao menos em um ponto: ao fugir do câmpus universitário (outra metáfora, claro) no qual sua pequena comunidade se refugiou do fim dos tempos, os quatro protagonistas escolhem a única alternativa viável, na série e fora dela.

Publicado em VEJA de 14 de outubro de 2020, edição nº 2708

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