Robert Pattinson a VEJA: “Topei fazer ‘Batman’ antes de ler roteiro”
Enquanto o ator secretamente tentava se colocar na órbita de Batman, o diretor Matt Reeves escrevia o texto com ele em mente
Que lugar Batman ocupa para você entre filmes como O Farol, Bom Comportamento ou High Life? Sou atraído por coisas aleatórias e parece não haver escolha alguma no que faço. Fui a uma reunião com o produtor Dylan Clark para outro projeto e, no caminho, li que ele estava ligado a Batman. Nunca havia me ocorrido interpretar Batman, mas pensei, hummm, e se? Nunca corri atrás dessa ou daquela coisa, mas, nesse caso, insisti mesmo. Até que conheci Matt Reeves e nos demos muito bem. E Batman parecia a coisa certa no momento certo, como se fosse parte da jornada que eu estava tentando percorrer. É um personagem desafiador, e eu estava no clima para bastante pressão. Foi difícil, foi divertido e foi também meio incrível filmar durante a pandemia.
Se você tivesse de definir a emoção motriz do seu Batman, seria a raiva? Há o elemento de raiva, mas, quanto mais eu entrava no personagem, mais o achava trágico. Bruce Wayne acha que escolheu essa vida: por causa da riqueza e do poder, ele cria mecanismos psicológicos para lidar com o trauma do assassinato dos pais. Mas, se a persona de Batman o faz sentir-se forte de novo, ela põe a ele, e a todos em volta dele, em constante perigo também. É um fardo, e nem mesmo está dando resultado; nada do que ele faz diminui o crime ou atenua a violência. Bruce está salvando Gotham ou está em uma trilha niilista de autodestruição?
Matt Reeves escreveu o roteiro com você em mente. Qual o peso que seu instinto teve em fazer com que a sua visão e a dele se encontrassem? Matt é um perfeccionista total, e eu concordei em fazer o filme antes mesmo de ver o roteiro. Mas instinto é algo que se pode treinar, e alimentei o meu com as expectativas dos fãs, os filmes anteriores, as toneladas de quadrinhos. Levei uma mala cheia de graphic novels do Batman para as filmagens, e li e reli todas elas dezenas de vezes, pensando, “Isso funciona? E isso?”. Parece instintivo, mas me preparei mais para esse filme do que para qualquer coisa que tenha feito antes no cinema.
Publicado em VEJA de 9 de março de 2022, edição nº 2779