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“Fênix Negra”: fecho dos X-Men frustra e entristece fãs

Apesar de ter um punhado de bons momentos, filme estrelado pela telepata Jean Grey rompe de maneira violenta a linha do tempo dos mutantes no cinema

Por Isabela Boscov Atualizado em 6 jun 2019, 19h40 - Publicado em 6 jun 2019, 19h28
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  • Pois vejamos. Se Magneto era um garoto no início da II Guerra Mundial (como se vê na abertura do primeiro X-Men, de 2000), em 1992, o ano em que se passa X-Men: Fênix Negra, ele seria um sessentão – um tiquinho mais velho, talvez, que seu amigo/inimigo Professor Xavier. Deve ser bom ser mutante e chegar aos 60 assim jovem como Michael Fassbender e James McAvoy são hoje. Por outro lado, não quero nem imaginar como os dois devem ter aprontado na década de 90, para em apenas oito anos virarem Ian McKellen e Patrick Stewart: haja balada. Não fui a única a fazer as contas, é evidente. No final da sessão em que assisti a Fênix Negra, só dava gente balançando a cabeça em consternação com a ruptura violenta, e inexplicável, da linha do tempo dos X-Men. E não só com ela, mas principalmente com a maneira como Fênix Negra apequena o universo dos mutantes no cinema: com X-Men e X-Men 2, de 2003, o diretor Bryan Singer deu o tom para todas as adaptações de quadrinhos que se seguiriam, ao tratá-las como drama com “d” maiúsculo, e também como uma discussão das questões políticas e sociais que afligem o mundo no momento em que cada filme é feito. Sem os dois primeiros X-Men, provavelmente não existiriam os Cavaleiro das Trevas de Chris Nolan, nem os dois Capitão América dos irmãos Joe e Anthony Russo – para mim, os pontos mais altos do ciclo dos super-heróis no cinema (e isso sem falar em Logan). Apesar dos tropeços (O Confronto Final, de 2006, e Apocalipse, de 2016, este do próprio Singer), os X-Men elevaram o gênero a um patamar que antes não se imaginava possível, e continuaram a fazer jus a ele com joias como Primeira Classe (2011) e Dias de um Futuro Esquecido (2014).

    X-Men: Fênix Negra
    (Fox/Divulgação)

    Por isso Fênix Negra é uma experiência tão melancólica ou, conforme o espectador, enfurecedora: em si, o filme do diretor Simon Kinberg entretém e tem um punhado de boas cenas. Mas, como encerramento do ciclo iniciado em 2000 (que é o que ele se propõe ser), é insuficiente, insatisfatório, trivial. A transformação da telepata Jean Grey em uma força incontrolável, e então em entidade do mal, é uma das storylines mais célebres dos gibis dos X-Men. Mereceria um tratamento operístico como o de Batman – O Cavaleiro das Trevas, e não esse tom circunstancial de apenas mais um evento na saga dos mutantes, como o que ganha em Fênix Negra. Nos termos deste filme, Sophie Turner se sai bem como Jean Grey (acho que, pessoalmente, ainda estou cheia de boa vontade para com ela por causa de Sansa Stark) – mas, em um plano maior para a personagem, seria preciso muito mais experiência do que Sophie tem neste momento. E, no papel da/o alienígena robótica e sem emoção que cobiça o poder de Jean Grey, Jessica Chastain provoca um tipo muito daninho de humor involuntário (sem falar nos saltinhos que ela não perde nunca, à maneira dos igualmente ridículos saltos de Bryce Dallas Howard em Jurassic World).

    X-Men: Fênix Negra
    (Fox/Divulgação)

    Quando os créditos começarem a subir, são grandes as chances de que você esteja em estado de confusão: mas então, como se explica isto em X-Men, ou aquilo outro em Futuro Esquecido, ou… Não, o problema não é você. São eles. Como diretor, Simon Kinberg é inexperiente. Mas está há vários anos envolvido com os X-Men, como roteirista e produtor. Continuará envolvido com eles em Os Novos Mutantes, que deve estrear em abril de 2020, e com o anunciado mas ainda não confirmado X-Force. Deve ter carinho para com os personagens – porém, em algum momento de insanidade, ou por motivo ignorado, topou jogar fora boa parte do patrimônio que eles acumularam em quase duas décadas de atividade nas telas. De quebra, desperdiça o talento de um time excepcional de atores. Que pena.

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    Trailer

    X-MEN: FÊNIX NEGRA
    (Dark Phoenix)
    Estados Unidos, 2019
    Direção: Simon Kinberg
    Com James McAvoy, Sophie Turner, Michael Fassbender, Jessica Chastain, Jennifer Lawrence, Nicholas Hoult, Tye Sheridan, Kodie Smit-McPhee, Alexandra Shipp, Ato Essandoh, Evan Peters, Scott Shepherd
    Distribuição: Fox

     

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