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Isabela Boscov

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Zoë Kravitz, a nova Mulher-Gato, fala sobre ‘Batman’: ‘Abordagem realista’

Em entrevista a VEJA, atriz conta como foi trabalhar com Robert Pattinson e compara o caos da pandemia e da reeleição de Trump ao pano de fundo do filme

Por Isabela Boscov 2 mar 2022, 10h15
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  • Aos 33 anos, Zoë Kravitz entra para o hall de atrizes que assumiram o figurino de Selina Kyle, mais conhecida como Mulher-Gato. Ao lado de Robert Pattinson, na pele do Batman, ela estrela o novo filme do super-herói, que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 3. Em entrevista a VEJA ela fala sobre sua personagem e como conquistou o cobiçado papel. Confira:

    Esta é uma Selina Kyle muito diferente de outras versões da personagem. Todo o mundo deste Batman é muito diferente, o que em si só já é uma mão na roda para um ator. O universo do Batman nos filmes de Tim Burton, por exemplo, é mais fantástico, exagerado, o que torna também os personagens mais estilizados. Aqui, porém, a abordagem é muito mais realista, e é preciso encontrar maneiras de fazer esses mesmos personagens se encaixarem nesse novo cenário. Aqui, quando conhecemos Selina, ela ainda não é a Mulher-Gato. Tanto ela quanto Bruce Wayne estão em um  momento muito interessante, aprendendo sobre quem são e por que são do jeito que são. É uma dança muito interessante de gato e rato.

    Selina tem alguma experiência nesse caminho ou está tocando de ouvido? Acho que ela está improvisando. Ela foi abandonada, cresceu sozinha, adquiriu certas habilidades para sobreviver e fez uma promessa a si mesma de nunca mais precisar de ninguém para nada. Ela tem a vivência das ruas – e o mundo lá fora é assustador. O fato de que ela decidiu aprender a cuidar de si mesma e de outros em vez de desmoronar e se tornar uma vítima é inspirador para mim.

    As coisas pelas quais os Estados Unidos e o mundo passaram nos últimos anos, você acha que o filme reagiu a elas enquanto vocês filmavam? O que é realmente interessante é que Matt Reeves [diretor do filme] vinha trabalhando no roteiro havia muito tempo. Mas, para mim, a pandemia e a tentativa de reeleição de Trump alimentaram a história e me ajudaram a compreender quem são essas pessoas, quanta coisa está em jogo para elas e qual a sensação de ter o mundo que você conhece, a cidade, o país que você conhece, desmoronando ao seu redor. Você começa a questionar tudo: vamos seguir essas regras? Precisamos ir às ruas? O que precisamos fazer? É sempre interessante a forma como a arte reflete, mesmo que de maneira subconsciente, o que está acontecendo no mundo.

    Você brigou por esse papel ou ele entrou no seu caminho? Eu não tive que lutar pelo papel tanto quanto tive que confiar que o diretor Matt Reeves sabia exatamente qual o ator certo para cada personagem. Minha preocupação era: sou capaz de dar a Matt o que ele precisa, já que ele mesmo está dando tudo o que tem para a história? E minha filosofia é, se não sou a pessoa certa, tudo bem, porque um diretor tem direito ao ator mais acertado para cada papel.

    Sua carreira está progredindo de maneira muito interessante e imprevisível. Você deixa o acaso ditar o rumo ou tem um plano? Não faço planos; o que tenho é muita, muita sorte de trabalhar no que amo. E isso é o que me guia quando estou tentando descobrir o que fazer a seguir – é algo que me excita e me assusta, algo que não fiz antes? O medo é um bom sinal: significa que você está entrando em um novo território. Em geral, quanto mais tentamos controlar as coisas, menos divertido é. E se um projeto dá certo ou não para mim – aprendi a confiar que, seja qual for o resultado, ele é o melhor resultado.

    Como foi trabalhar com Robert Pattinson? Ele parece seguir esse mesmo ritmo, reagindo às oportunidades e descartando a rede de segurança. Rob é incrível. Fiquei muito empolgada quando soube que eles o haviam escalado,  porque ele é realmente movido pela arte, não por estratégias profissionais ou pelo desejo de fama. Alguém como ele, que começou com algo tão grande quanto Crepúsculo e então decidiu assumir o controle, procurando por histórias novas, diferentes, desafiadoras, estranhas – isso me deu a certeza de que estava me juntando a um grupo de pessoas que está realmente à procura de algo. Um personagem como Batman pode ser uma armadilha quando você deixa o traje fazer todo o trabalho. Mas Rob começou a partir de um lugar emocional muito profundo e trabalhou de dentro para fora. Foi uma transformação incrível de testemunhar.

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