Bolsonaro em guerra declarada contra realidade
Governo federal promove desinformação ao optar por um cálculo que tortura os números do coronavírus no país
Como se não bastasse o gabinete do ódio e sua usina de fake news, montado nas antessalas do Planalto, o governo Bolsonaro resolveu ir ainda mais longe na sua guerra contra as verdades que não lhe convém.
Ao optar por um cálculo que tortura os números e promove a maquiagem no fechamento de dados sobre as vítimas da Covid-19 no Brasil, o governo federal promove desinformação, além de desrespeitar o sofrimento daqueles que sucumbiram à pandemia, e de suas famílias.
Além da falta de solidariedade para com os mortos, a manipulação dos números afeta a imagem do Brasil no exterior e, o pior de tudo, ainda compromete o planejamento de ações futuras para o enfrentamento à pandemia.
Se o presidente Bolsonaro tivesse optado por, desde o início, encarar a crise da Covid-19 com mais sensibilidade às vidas dos brasileiros, não estaria agora enfrentando um quadro de mais de mil óbitos diários.
Ao que parece, Jair Bolsonaro estaria pedindo para que fossem sempre anunciadas “menos de mil mortes por dia”.
O presidente agora vê os mortos como seus inimigos, e quer se livrar deles simplesmente ignorando seus registros.
Faz sentido, para quem aparenta constantemente se conduzir focado apenas na própria reeleição, com o horizonte em 2022.
Não é à toa que durante um dos períodos mais críticos do enfrentamento ao coronavírus, dois ministros da Saúde foram trocados em menos de 40 dias.
Agora está bem claro que tanto Mandetta como Teich se recusaram a atuar contra as suas consciências e as suas convicções científicas.
Triste mesmo é perceber que sempre haverá alguém disposto a aceitar o papel de fantoche, para satisfazer, contra o bom senso, contra a própria ciência, e atualmente até contra os números, o desejo dos poderosos da vez.