Bolsonaro e o Imposto sobre Operações Financeiras para a Reeleição
"Não tem aumento de imposto e ponto final", ele repetia desde a campanha de 2018. Nesta semana, o candidato à reeleição capitulou
Jair Bolsonaro anunciou: “Não vamos aumentar impostos”. Foi na campanha eleitoral de 2018. Já no governo, reafirmou: “Não tem aumento de imposto e ponto final”.
Ano passado, no meio da pandemia, o ministro Paulo Guedes, da Economia, lhe apresentou uma proposta. Ele desafiou, conforme o próprio relato: “Queriam criar o imposto digital parecido com CPMF; queriam sim, teve essa proposta lá. Eu falei: ‘tudo bem, quer criar isso aqui e quantos você quer revogar? Se eu me convencer a gente apresenta à opinião pública.”
Em janeiro deste ano, voltou a dizer que o governo federal não planejava aumentar impostos. E criticou o aumento “em plena pandemia” do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) determinado pelo governador João Doria (PSDB) em São Paulo. “No meu governo não temos aumento de imposto federal”, provocou.
A uma plateia de deputados, em junho, se permitiu um autoelogio: “Nós investimos na produção, e tenho certeza que dessa forma diminuiremos o preço da alimentação, produzindo mais e não interferindo no mercado”, disse.
Acrescentou: “O que a gente pode fazer para diminuir imposto, nós temos feito. E assim é o nosso propósito na reforma tributária. Não podemos admitir, senhores parlamentares, os senhores também têm responsabilidade e sabem que nós jogamos junto nessa questão. Reforma sim, mas sem aumento de imposto!”
Bolsonaro capitulou nesta semana. Se rendeu ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Diz o governo que é coisa temporária e, exclusivamente, para financiar uma versão emergencial do Bolsa Família. Na ironia parlamentar, o tributo deveria ganhar outro nome: Imposto sobre Operações Financeiras para Reeleição (IOF-R).