Crise hídrica abre disputa pelo valor e o uso de água
Desmatamento agrava escassez, expõe falta de regulação do valor e do uso da água e abre disputa entre empresas de energia e o agronegócio
A maior crise hídrica em nove décadas está levando empresas e órgãos governamentais a um debate há muito tempo adiado: o valor e o uso racional da água.
Mudanças climáticas são apenas uma parte das repostas à queda nos volumes de vazão nas bacias hidrográficas, indicam diferentes estudos. Igual ou maior influência têm os desmatamentos, sugerem dados do MapBiomas: a bacia do Paraná perdeu 17% da mata nativa e o Cerrado ficou sem 33% de cobertura vegetal nas últimas três décadas.
Sem floresta, sem água no subsolo. A seca começa a impor uma disputa pela água que resta entre empresas de energia e o agronegócio, dependente de irrigação.
Esse embate empresarial por recursos hídricos tem preço: R$ 1,5 mil por megawatt/hora na geração de eletricidade por usina térmica. Significa um aumento de 650% em relação aos R$ 200 por MWh da pré-crise hídrica.
O primeiro efeito do choque de escassez ficou visível na pressão crescente sobre a Agência Nacional de Energia Elétrica para que intervenha na regulação do valor da água para geração de enee e o agronegócio.
Dono de uma das maiores bacias hidrográficas do planeta, só agora o Brasil começa a prestar atenção no valor e no uso de água.