Eu imagino que hoje os gestores [públicos] têm mais medo do Tribunal de Contas da União do que do Judiciário – todo mundo, todo gestor tem mais medo do Tribunal de Contas. Então eu imagino: com o Tribunal de Contas da União, o Cade e o Judiciário de um modo geral, o que poderia ser feito para cobrar do gestor brasileiro? – quer seja o Presidente da República, quer sejam os governadores? Não é criminalizar ninguém, não. É uma cobrança mais incisiva nesses resultados, porque isso é dinheiro público. Se [numa empresa] demoro uma hora para fazer a mesma coisa que um americano faz em 15 minutos, isso está prejudicando [o país] de alguma forma. É claro que eu vou ter remuneração menor do que o trabalhador americano (…) Fico imaginando, sem fulanizar, sem pessoalizar a figura de nenhum gestor: eu queria saber o que que essas instituições fazem e poderão fazer além de fiscalizar corrupção, desvios – que isso evoluiu demais, graças a Deus, mas nós não podemos ficar só nessa questão. Caçar bruxa e ladrão é ótimo, é necessário, é fundamental, porque a corrupção também afeta a produtividade do país, mas é só isso? Eu acho que essas instituições… Desculpem, nós, senadores, custamos caro demais para o Brasil. Nós custamos caro! Isso aqui é uma estrutura monumental! De todos os Poderes! Quanto custa o Tribunal de Contas da União por ano? Quanto custa o Senado Federal? A Câmara dos Deputados? Quanto custa o Cade? E o resultado disso, efetivo, para a população brasileira, em termos de melhorar minha vida? ‘Minha vida está péssima!’ — o brasileiro olha no espelho e diz isso para ele próprio. ‘Minha vida está ruim. Eu não arrumo emprego, eu não tenho qualificação, meu salário está defasado, eu estou desalentado, se não estou desempregado…’ Então, alguma coisa precisa ser feita para cobrar dos gestores.”
(Kátia Abreu, empresária, senadora pelo Partido Progressistas do Tocantins e ex-ministra da Agricultura no governo Dilma Rousseff, em debate no Senado.)