Lula e Bolsonaro têm influência limitada nas eleições de SP, RJ e MG
Eles não estão conseguindo arrastar seus candidatos nesses estados em ritmo compatível com a dinâmica das próprias campanhas
A grande batalha entre Lula e Jair Bolsonaro está acontecendo nos três maiores estados do Sudeste.
A cinco dias da eleição, o ex-presidente aparece com média de 12 pontos de vantagem em Minas Gerais, informam pesquisas como a da Quaest divulgada ontem.
A luta mineira tende a ser decisiva, porque disputam-se 16,2 milhões de votos. Desde a redemocratização, nenhum presidente foi eleito sem vencer em Minas.
Lula e Bolsonaro, por enquanto, empatam em São Paulo, com 34,6 milhões de eleitores, e no Estado do Rio, onde vivem 12,4 milhões.
Esses três estados somam 63,2 milhões de votos, o equivalente a quatro de cada dez brasileiros aptos a votar no domingo. Concentram os maiores orçamentos da Federação e metade da produção nacional.
São decisivos não apenas em eleição presidencial, mas também no condicionamento político de qualquer governo federal, pela capacidade de influência de seus governos.
Lula e Bolsonaro, porém, não estão conseguindo arrastar seus candidatos nesses três estados em ritmo compatível com a dinâmica das próprias campanhas.
Em São Paulo, por exemplo, o candidato de Lula, Fernando Haddad (PT), está em declínio. Já o candidato de Bolsonaro, Tarcísio de Freitas (Republicanos) aparenta estagnação.
Tarcísio é um estreante que Bolsonaro lançou na política paulista. Haddad, ex-prefeito da capital, empenha seu futuro nesse embate. São Paulo é o principal centro do antipetismo. A eventual eleição ao governo estadual credenciaria qualquer um dos três candidatos mais destacados para a disputa presidencial seguinte, em 2026.
A novidade desta reta final da campanha paulista é o crescimento contínuo do governador Rodrigo Garcia (PSDB), indicado nas pesquisas como favorito para o segundo turno, dia 30 de outubro.
Em Minas, o governador Romeu Zema (Novo) mantém dezessete pontos de vantagem sobre o adversário Alexandre Kalil (PSB), apoiado por Lula.
Zema se elegeu em 2018 na poeira do bolsonarismo. Tenta a reeleição ainda no primeiro turno mantendo-se equidistante do presidente, recordista em rejeição (56%).
As pesquisas indicam que ele conta com apoio de sete em cada dez eleitores de Bolsonaro. Já o adversário Kalil, ex-prefeito de Belo Horizonte, ainda não conseguiu atrair mais da metade do eleitorado que declara voto em Lula.
No Rio, o governador Claudio Castro (PL) não esconde Bolsonaro na campanha, mas evita se mostrar publicamente hostil a Lula, que patrocina o adversário Marcelo Freixo (PSB), deputado federal.
Dois meses atrás, Castro e Freixo estavam virtualmente empatados. Desde então, o governador conquistou vantagem média de 12 pontos e consolidou favoritismo num eventual segundo turno.
Os resultados das pesquisas sugerem que nos três maiores estados do Sudeste aspectos da dinâmica política local prevalecem sobre tentativas de “nacionalização” da campanha. Lula e Bolsonaro têm influência limitada nas eleições de São Paulo, Rio e Minas.
É muito provável, no entanto, que, se houver uma segunda rodada entre Lula e Bolsonaro, a disputa presidencial deverá extravasar naqueles estados onde a escolha do governador estiver adiada para 30 de outubro.