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No PSDB em liquefação, uns suspeitam de outros e todos se sentem traídos

Os tucanos marcaram uma assembleia-geral no pôr-do-sol da terça-feira, em Brasília, para discutir a relação com o candidato presidencial, João Doria

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 15 Maio 2022, 08h51 - Publicado em 15 Maio 2022, 08h00
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  • oão Doria anunciou nesta quinta-feira (31) que deixa o cargo de Governador do Estado de São Paulo. Rodrigo Garcia, eleito como Vice-Governador na chapa com Doria nas eleições de 2018, tomou posse como novo Governador do Estado, mandato que se encerra em 31 de dezembro deste ano. Foto Pablo Jacob / Divulgação
    João Doria, ex-governador de São Paulo e candidato presidencial do PSDB — (Pablo Jacob/Divulgação)

    A situação no PSDB deve piorar muito até o sábado 25 de junho, quando o partido completa 34 anos à beira da liquefação. Depois, também.

    Como uns desconfiam dos outros, o instinto de autodefesa contra a traição levou à convocação de uma assembleia geral, com três dezenas de dirigentes, vinte e dois deputados federais e seis senadores.

    O encontro dos tucanos está marcado para o pôr-do-sol da terça-feira 17, em Brasília. Única exigência: presença física.

    Pretendem discutir as relações de uns com outros, reafirmar confiança mútua — e, principalmente, checar de que lado cada um está em relação ao candidato presidencial João Doria.

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    Isso porque no PSDB, hoje, Doria suspeita de Bruno, que suspeita de Aécio, que suspeita de Rodrigo … Todos se sentem atraiçoados e esperam continuar sendo traídos durante toda a temporada eleitoral.

    O ex-governador paulista João Doria, por exemplo, antevê uma “tentativa de golpe” no partido contra sua candidatura, escolhida numa disputa interna que custou R$ 12 milhões — quase dez mil salários mínimos — aos cofres públicos.

    Para ele, a cúpula partidária, sob a presidência do deputado pernambucano Bruno Araújo, passa o tempo arquitetando maracutaias para removê-lo da eleição e fazer um acordo com o MDB, cuja candidata é a senadora Simone Tebet.

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    Em carta enviada ontem a Araújo, escreveu: “O jogo já foi decidido na bola, não cabendo qualquer modificação do seu resultado no tapetão”.

    Observou: “Longe de sermos candidatos de nós mesmos, somos o candidato à presidência escolhido por mais de dezessete mil filiados do PSDB.”

    Acrescentou, com um toque de compaixão: “Embora entenda que um projeto sólido e alternativo [a Lula e Jair Bolsonaro] para o país deva ser construído de forma pluripartidária, usaremos de todas as nossas forças para fazer prevalecer, a vontade, democraticamente manifestada pela imensa maioria dos filiados.”

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    Reproduziu uma carta de Araújo, onde se destacam três dezenas de palavras: “As prévias serão respeitadas pelo partido. O governador tem a legenda para disputar a Presidência da República. E não há, nem haverá qualquer contestação à legitimidade da sua candidatura pelo partido.”

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    (./Reprodução)

    Aparentemente, é da quinta-feira 31 de março, no epílogo de uma jornada de tensão, discussão, hesitação, renúncia à candidatura para permanecer no governo de São Paulo, e recuo com um acordo escrito e assinado — coisa rara na política, onde a palavra dada costuma valer mais que documento.

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    Doria parte para o confronto. Deixa claro que é candidato com ou sem apoio da cúpula do PSDB, não aceita acordo para escolha de candidatura baseado em “qualquer outra pesquisa de opinião”, e, na prática, inviabiliza a hipótese de aliança com o MDB ao circunscrever negociações à candidatura à sua vice-presidência.

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    (./VEJA)

    Exige fidelidade num ambiente onde todos são capazes de perdoar traições, jamais a derrota. Por essa razão, talvez, na carta assinada com o seu advogado acena com a possibilidade de levar os divergentes e o próprio partido a um labirinto jurídico infernal, em plena campanha: “Constitui abuso de poder, ato antijurídico passível de correção, pela via judicial inclusive.”

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    Emergiu na cena o deputado mineiro Aécio Neves. Ele não aceita nem é aceito por Doria, mas fez questão de “registrar a minha solidariedade” ao ex-governador paulista.

    “Uma coisa é você enfrentar um adversário de frente”— disse a Julia Chaib, da Folha — “e dizer que ele não era a pessoa adequada para liderar o PSDB. Mas agora se busca uma construção, através de uma encenação burlesca, de uma pesquisa que já se sabe o resultado. Querem dizer: ‘Não pode ser o Doria porque ele tem uma alta rejeição, então tem que ser a Simone [Tebet]'”.

    Para Aécio, o presidente do seu PSDB, Araújo, tem como prioridade viabilizar a eleição de Rodrigo Garcia, que assumiu o governo de São Paulo: “O Doria sempre foi o bode que precisava ser retirado da sala para viabilizar a candidatura de Rodrigo.”

    Com a experiência de quem já viu quase tudo em campanhas para a presidência (2014), governador de Minas, deputado e senador, Aécio enquadrou Doria numa moldura sheaksperiana, como Marco Antonio diante de César apunhalado: “O Doria está conhecendo a face triste da política, que é a traição pelos seus próprios companheiros.”

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