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Partido Novo, reduto do liberalismo, leva sua crise ao Judiciário

Estruturado no voluntariado, com métodos empresariais e apoio da elite financeira paulista, já provou ser viável disputar eleição sem usar dinheiro público

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 7 dez 2021, 08h30
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  • É grave a crise no Partido Novo, reduto do liberalismo num universo fragmentado em 32 organizações reconhecidas como partidos, a maioria sem identidade e alguns tentando reinventar a que construíram.

    A disputa de espaço e poder na cúpula extravasou. Líderes do Novo chamaram o Judiciário para arbitrar divergências sobre mudanças no estatuto que, em tese, permitiram um avanço do presidente Eduardo Ribeiro no controle dos diretórios estaduais e municipais.

    A rebelião interna remete à gênese do Novo, há dez anos, no ativismo de pessoas que nunca haviam participado da vida partidária, mas defendiam o ideário liberal e a aplicação de princípios do setor privado na gestão pública.

    O partido foi estruturado no trabalho voluntário, com o apoio explícito da elite financeira paulista. Inovou na divisão doméstica de poder, com gerência voluntária dos diretórios, sem participação dos dirigentes e dos candidatos. Apostou na formação de quadros, a partir da seleção de candidatos, e na instituição de metas e formas de cobrança de resultados dos eleitos.

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    Provou ser viável nas urnas apoiando-se somente em doações financeiras de pessoas físicas, sem o dinheiro público extraído dos bilionários fundos eleitoral e partidário.

    Estreou em 2016 com 142 candidatos a vereador em todas as regiões. Elegeu quatro em São Paulo, no Rio, em Belo Horizonte e Porto Alegre.

    Dois anos depois, em 2018, virou caso de sucesso. Elegeu um governador (Romeu Zema, em Minas Gerais), onze deputados estaduais, um distrital e oito federais.

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    Seus candidatos à Presidência da República, o empresário João Amoêdo, e à vice, o professor de Ciência Política Christian Lohbauer, arrebataram 3% dos votos válidos. Eram desconhecidos até então, mas acabaram ultrapassando, entre outros, Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente no governo Lula e fundadora da Rede Sustentabilidade.

    A crise cresceu no último triênio. O conflito acabou levado à Justiça quando, um mês atrás, um grupo entendeu que havia um agente infiltrado — “a tal mosca azul do poder”, conta Patricia Vianna, secretária nacional de Assuntos Institucionais e Legais em manifesto distribuído ontem aos 40 mil filiados e publicado no Brazil Journal.

    “Ela desmascarou verdades”, escreveu, deixando claro que o Novo está dividido e começou a perder “a confiança de apoiadores por falta de posicionamentos firmes, enfraquecendo a marca e dando espaço a oportunismos externos – sintomas que o atual presidente insiste em não enxergar, direcionando energias a construir sua base de apoio junto aos diretórios estaduais e municipais.”

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    Esse tipo de disputa era novidade antiga nos outros 31 partidos. Agora deixou de ser, também, no Partido Novo.

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