Lula passou o dia ontem em Belo Horizonte acenando para Romeu Zema, governador de Minas Gerais. “Não conheço o governador Zema”, repetiu em entrevistas e num comício, “mas sei que ele foi eleito governador do Estado em primeiro turno. Pois bem, se eu for eleito, ou ele vai conversar comigo em Brasília ou venho a Belo Horizonte conversar com ele.”
Lula tem bons motivos para se preocupar com o anunciado engajamento do governador de Minas na campanha do adversário Jair Bolsonaro.
No primeiro turno, obteve 5,8 milhões de votos (48,2%) no eleitorado mineiro, que é dono de 12,6 milhões. Venceu Bolsonaro (43,6%) por uma diferença de 560 mil votos.
Embora tenha liderado a votação no estado, Lula foi derrotado (42,5%) na capital por Bolsonaro (46,6%).
O resultado em Minas, aparentemente, foi produto do voto “LuZema”: a maioria dos mineiros que votou em Lula seguiu sua orientação de apoio a Alexandre Kalil, ex-prefeito de Belo Horizonte, na disputa pelo governo estadual. Deu-lhe 3,8 milhões de votos. Outros dois milhões de eleitores que votaram em Lula preferiram reeleger Zema.
Na campanha, o governador procurou se manter equidistante de Bolsonaro. Reeleito, mudou de posição — adversários atribuem a mudança, entre outras razões, à garantia federal de compensação de cerca de R$ 12 bilhões em arrecadação perdida por decisões recentes de Bolsonaro.
O engajamento de Romeu Zema na candidatura de Bolsonaro é percebido por aliados de Lula como aumento da taxa de risco no jogo eleitoral em Minas. Por isso, ele passou o dia preocupado em endereçar publicamente mensagens afáveis ao governador: “Ele tem o direito de apoiar quem quiser, não me oporei e nem pensava que fosse diferente” — repetia.