Oferta Consumidor: 4 revistas pelo preço de uma
Imagem Blog

José Casado

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Informação e análise

Servidores deixam o governo Bolsonaro em “modo apagão”

Jair Bolsonaro conseguiu: provocou uma rebelião da elite dos servidores contra o governo, num movimento que tende a se ampliar no início do ano eleitoral

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 24 dez 2021, 08h00

Jair Bolsonaro conseguiu: provocou uma rebelião da elite dos servidores públicos contra o próprio governo, num movimento que tende a se ampliar na abertura do ano eleitoral.

É uma proeza que nem os seus mais aguerridos adversários seriam capazes de imaginar, e muito menos de alcançar com o ímpeto demonstrado em protestos nas últimas 48 horas na Receita Federal, no Banco Central e no Poder Judiciário.

Bolsonaro entrou nessa enrascada quando achou boa ideia privilegiar com aumentos salariais servidores da área de segurança. Militares, policiais e bombeiros formaram sua clientela eleitoral em três décadas como deputado federal e atuaram com peso específico na eleição presidencial de 2018.

Em 2019, deu reajuste às Forças Armadas, em parcelas que se estendem até o primeiro semestre de 2023.

Ano passado, deu aumento para os policiais civis, militares e bombeiros do Distrito Federal, que são pagos pela União.

Semana passada pediu ao Congresso a reserva de R$ 2 bilhões no orçamento do ano que vem para premiar policiais federais e agentes do Departamento Penitenciário Nacional.

Continua após a publicidade

Assim, instigou a insatisfação do milhão de servidores federais que se consideram sob discriminação salarial do governo, em comparação à clientela eleitoral do presidente-candidato.

A rebelião se espraiou rapidamente, a partir da Receita Federal cujo orçamento foi reduzido pelo Congresso para atender ao pedido de Bolsonaro. Predomina a percepção de que não houve uma “escolha técnica”, mas uma decisão arbitrária, sem justificativa plausível.

Ontem à noite a Receita contava mais de 630 renúncias de burocratas-chefes, inclusive nas seções de investigação sobre crimes financeiros, de corregedoria e, também, de julgamento de recursos contra atuações fiscais — onde desde o início da pandemia se acumula um estoque de R$ 940 bilhões em créditos tributários reivindicados em processos empresariais.

Hoje se prevê uma “operação-padrão” na fiscalização em postos nas fronteiras, nos portos e nos aeroportos. Por tempo indeterminado, decidiram os auditores-fiscais em assembleia nacional, telepresencial.

Continua após a publicidade

Dos 4,2 mil participantes, 98,7% votaram a favor da paralisação das alfândegas. Ressalvam: “Não haverá qualquer impacto aos viajantes que ingressam ou saem do país”, e nem à liberação de “medicamentos e insumos médicos e hospitalares, cargas vivas, perecíveis, bem como aquelas definidas como prioritárias pela legislação vigente”.

Na prática, o governo Bolsonaro está encerrando 2021 em “modo apagão”.

Às evidências de rebeldia na Receita somam-se manifestações no Banco Central, cujos funcionários registraram protesto em carta à diretoria, e no Poder Judiciário, onde juízes cobraram “efetiva atuação” — ou seja, uma intervenção — do presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux.

A insatisfação se alastra por outros organismos, assentada em motivações diferentes das salariais.

Continua após a publicidade

No Ministério da Educação, a seção responsável por avaliações de mestrados e doutorados terminou a semana com 138 renúncias de professores descontentes com os rumos da política educacional.

Na Anvisa, agência responsável pela vigilância sanitária, dirigentes e servidores se uniram em resistência às milícias digitais. Alinhadas ao negacionismo bolsonarista, promovem uma ofensiva com o objetivo de impedir a vacinação de crianças contra a Covid-19.

Se sentiram à vontade para ameaçar a vida de funcionários e de suas famílias desde a semana passada, quando Bolsonaro anunciou que divulgaria a listagem de nomes dos especialistas da Anvisa que aprovaram a vacinação de crianças — são mais de 1,6 mil.

A Anvisa, o Judiciário e órgãos governamentais como a Receita, o Banco Central e a Capes, do Ministério da Educação, reúnem parte da elite do funcionalismo federal.

Continua após a publicidade

O milhão de servidores está espalhado por 309 carreiras públicas, onde o tempo de progressão é curto — com dez a 15 anos é possível chegar ao topo da pirâmide salarial, com remuneração de cerca de R$ 30 mil.

Eles se organizam em torno de 250 associações e sindicatos e, juntos, compõem o mais influente lobby corporativo da República.

Ao tentar privilegiar um segmento, por razões eleitorais, Bolsonaro se meteu numa enrascada política para a qual não existe saída fácil.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

SEMANA DO CONSUMIDOR

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas R$ 5,99/mês*
ECONOMIZE ATÉ 47% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Nas bancas, 1 revista custa R$ 29,90.
Aqui, você leva 4 revistas pelo preço de uma!
a partir de R$ 29,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.