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Tudo pelo ouro

Começam a ser expostos vínculos de parlamentares com o golpismo

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 10h12 - Publicado em 25 ago 2023, 06h00

Investigações sobre o movimento organizado para impedir a posse de Lula e manter Jair Bolsonaro no poder começaram a expor vínculos de parlamentares com empresários financiadores da insurgência.

No Pará, por exemplo, constatou-se o envolvimento de deputados e senadores com empresas e cooperativas de garimpeiros de ouro integrantes da rede de financiamento da agitação golpista, que resultou na invasão do Supremo Tribunal Federal, do Congresso e do Palácio do Planalto no domingo 8 de janeiro.

Alguns parlamentares e empresários estão ligados, também, a um dos autores da tentativa de explosão de um caminhão-tanque na véspera do Natal no aeroporto de Brasília: George Washington Oliveira Souza, comerciante em Xinguara (PA), já condenado a nove anos e quatro meses de prisão pelo atentado.

Para o atentado, Souza e dois homens obtiveram dinheiro e cumplicidade na infiltração de armas e explosivos, uniformes de camuflagem e montagem de uma bomba, que não explodiu por erro mecânico. Ela foi construída com emulsão explosiva industrial, muito usada em mineração e só vendida a empresas que, em tese, são fiscalizadas pelo Exército.

A trama foi organizada numa área sob jurisdição militar, o acampamento de aliados de Bolsonaro mantido durante dez semanas diante do Quartel-General do Exército, em Brasília. Era um complô armado contra o Estado, com o objetivo aparente de interditar o aeroporto de Brasília, a partir das explosões, provocar “intervenção” das Forças Armadas e, como resultado, impedir a posse de Lula na semana seguinte.

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Houve respaldo de parlamentares com interesses políticos e empresariais no garimpo de ouro e em atividades agropecuárias no Pará e em Mato Grosso do Sul. Órgãos de segurança estão mapeando, por exemplo, os laços do senador José da Cruz Marinho (Podemos-PA), conhecido como Zequinha, com ativistas radicais — como os protagonistas do atentado frustrado — e empresários financiadores da insurgência organizada. Também analisam participações dos deputados federais do Partido Liberal Joaquim Passarinho e Lenildo Mendes dos Santos Sertão, vulgo Delegado Caveira, e Marcos Sborowski Pollon, eleito pelo PL de Mato Grosso do Sul. Há, ainda, políticos locais como Enric Lauriano, pré-candidato do PL à prefeitura de Xinguara, sob patrocínio do deputado Passarinho, que já organiza sua campanha ao Senado em 2026.

“Começam a ser expostos vínculos de parlamentares com o golpismo”

Na CPMI do Golpe, decidiu-se avançar nas investigações sobre empresas paraenses como a Mineração Carajás, a BMC Máquinas e as cooperativas de garimpo do Alto Tapajós e de Ourilândia, entre outras. São relevantes nas atividades locais de ouro e madeira, agroindústria, comércio de terras e de equipamentos pesados para garimpo. Os negócios na região cresceram com estímulos do governo Bolsonaro à garimpagem e à exploração madeireira em terras públicas e territórios indígenas.

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Uma característica empresarial do sudoeste do Pará é a frequência de consórcios entre segmentos econômicos distintos — com os mesmos donos e investidores —, o que, segundo a polícia, facilita a lavagem de dinheiro proveniente de negócios ilegais com terras, madeira e ouro.

Os negócios com ouro não são pequenos. Num exemplo, a cooperativa de garimpeiros do Tapajós movimentou 543,5 milhões de reais na compra de ouro durante o primeiro ano da pandemia. Repassou parte à Penna e Mello (Pemex) para exportação com base em “escriturações fraudulentas provenientes da cooperativa”. Entre 2020 e 2021, no espaço de quinze meses, a Pemex movimentou 693,3 milhões de reais na exportação de 2,3 toneladas de ouro “de origem suspeita”, atestou em processo o juiz Gilson Vieira Filho, de Belém.

Parte significativa do ouro garimpado ilegalmente no sudoeste do Pará é vendida a refinarias da Suíça e da Itália, responsáveis pelo abastecimento das fábricas de produtos de joalheria — entre elas, a Rolex, artesã do relógio cravejado de diamantes que Bolsonaro recebeu do governo saudita e tentou vender nos Estados Unidos. Os refinadores suíços enfrentam uma disputa judicial com a ONG Sociedade de Defesa dos Povos Ameaçados (STP, na sigla em inglês) por transparência na contabilidade das compras de ouro da Amazônia, sobretudo quando originário de garimpos do sudoeste do Pará.

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A defesa de interesses econômicos do garimpo de ouro serviu de biombo à associação de parlamentares ao movimento de insurgência que resultou na invasão do Congresso, do STF e do Palácio do Planalto. Agora estão no foco da polícia e da CPMI do Golpe.

Os textos dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de VEJA

Publicado em VEJA de 25 de agosto de 2023, edição nº 2856

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