“As novas normas aprovadas ao toque de caixa pelo Congresso Nacional, durante a pandemia, e sancionadas sem vetos pelo presidente da República, sepultaram a legislação mais moderna do mundo no combate ao desvio e malversação do dinheiro público e aos atos de corrupção e enriquecimento ilícito…. Será quase impossível condenar agente público por ato de improbidade administrativa e, quando isso ocorrer, o que raramente acontecerá, impedir a ocorrência da prescrição intercorrente será quase um milagre na imensa maioria dos casos, dada à enormidade de recursos existentes e a natural morosidade da Justiça …. Os maus congressistas e advogados que atuam nesta área conseguiram o que queriam. Livrarão boa parte dos corruptos em geral das garras da Justiça, posto que todas as teses defensivas que eram sistematicamente repelidas pelos tribunais, agora são texto de lei e de aplicação obrigatória….Se não bastasse o enterro da Lava Jato, também se matou e sepultou a Lei de Improbidade Administrativa, que era o terror de todo político, empresário e agente público desonesto… E, novamente, como já virou costume nestes dias sombrios para a nação, viva o país da corrupção e da impunidade, em que ser desonesto, criminoso e muitos outros adjetivos análogos que vocês podem imaginar, compensa.”
(César Dario Mariano da Silva, procurador de Justiça em São Paulo e especialista em Direito Penal, ao blog de Fausto Macedo, no Estadão)