Dor, inchaço e rigidez nas juntas, principalmente nas pequenas articulações como as das mãos, capazes de impedir a realização de tarefas rotineiras, como abotoar uma blusa ou mesmo abraçar uma criança. Estes são alguns dos principais sinais e sintomas da artrite reumatoide, doença crônica progressiva que causa dor e, se não adequadamente tratada, pode levar à destruição articular e, consequentemente, à incapacidade física.
Ela pode surgir em qualquer idade, mas mais frequentemente tem início por volta dos 40 a 55 anos, sendo as mulheres as mais acometidas. A demora no diagnóstico e início do tratamento correto pode levar a graves consequências.
Quem convive com a dor constante e as limitações impostas pela doença – que acabam também acrescentando depressão a esse quadro – sonha em ter um pouco de alívio e levar uma vida normal. Trabalhar, passear, ter uma vida social e afetiva….
Há cerca de pouco mais do que uma década, o/a paciente tinha que se conformar com a progressão da doença e tudo que a artrite reumatoide acarreta. Entretanto, os avanços nos últimos 20 anos têm levado a um melhor prognóstico, sendo a remissão a meta do tratamento.
E a remissão, afinal, é a cura? Em vez de falar em “cura”, melhor falar em controle da doença, isto é, a ausência dos sinais e sintomas de atividade inflamatória significativa da doença, associada a menor risco de danos às articulações e redução da dor e da incapacidade.
As doenças crônicas não têm cura, mas têm tratamento – é assim com o diabetes e a hipertensão. E isso também vale para a artrite reumatoide e outras doenças reumáticas crônicas e de caráter autoimune. E tal controle é bastante coisa, principalmente para quem vive sob o estresse constante da dor, da incapacidade de se movimentar e de fazer as coisas simples da vida.
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Além do impacto na melhora da qualidade de vida e na produtividade, a remissão na artrite reumatoide representa economia de recursos para os sistemas de saúde. Uma análise dos dados de 16 publicações científicas de 12 países mostrou que, ao reduzir custos com consultas ambulatoriais e especializadas, hospitalizações, exames, cirurgias, fisioterapia e órteses, a remissão dessa doença pode representar uma economia de até 50% em custos médicos diretos.
Os resultados revelam também que o desejado controle da artrite reumatoide propicia redução de 64% em hospitalizações, 53% em cirurgias articulares e 23% em radiografias.
Como mencionei, a enfermidade e seus danos articulares costumam ter início na fase produtiva de um homem ou mulher. Portanto, são anos de terapias, considerando a sobrevida média da população. Por isso vale reforçar que as doenças reumáticas não são doenças de “velho”, mas, se não forem tratadas, ao chegar à maturidade, suas repercussões físicas, mentais e sociais podem estar no pico.
Assim, quanto mais cedo o diagnóstico, melhor o prognóstico, principalmente com o arsenal de tratamentos que temos hoje. Eles variam conforme o estágio da doença e podem incluir analgésicos para combater a dor, anti-inflamatórios, os chamados medicamentos modificadores da doença e agentes biológicos. A maioria está disponível no sistema público de saúde e também tem cobertura por planos de saúde privados.
Mas não podemos esquecer que hábitos saudáveis também contam – e muito – no curso do tratamento e no bem estar para a vida inteira. Então já sabe: no caso de dor persistente nas articulações, não deixe de procurar o reumatologista. A remissão é possível!
* Licia Mota é reumatologista do Hospital Universitário de Brasília (HUB-UnB) e professora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas e Patologia Molecular da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB)