O impacto do estilo de vida no risco do câncer de próstata
Tumor mais frequente entre os homens tem relação com a idade, mas dieta e obesidade favorecem aparecimento de tumores
O câncer de próstata é uma realidade que não pode ser ignorada. Afinal, esse é o tumor mais frequente entre os homens (excluindo os de pele não melanoma), afetando milhões de pessoas em todo o mundo. Por isso, torna-se tão importante conhecermos os fatores que impactam no seu risco.
Assim como em outros tumores, vários são os fatores que, juntos, contribuem para aumentar o risco da doença. Um dos principais certamente é a idade: 75% dos casos surgem a partir dos 65 anos, sendo incomum abaixo dos 40 anos. Além disso, esse tumor tende a ser mais frequente e mais agressivo em homens negros.
Também muito relevante é a história de câncer na família. Ter parentes de primeiro grau com diagnóstico de câncer de próstata antes dos 65 anos eleva em duas a cinco vezes a probabilidade de desenvolver essa doença. Outros tipos de tumores, como mama, ovário e pâncreas, também aumentam essa chance e precisam ser levados em conta.
E como o estilo de vida impacta no risco de câncer de próstata? Infelizmente, esse é um aspecto ainda pouco discutido nessa doença. Sabemos que a obesidade possui um papel no aumento do risco, particularmente no de tumores mais agressivos. Isso porque o excesso de gordura no corpo induz um estado de inflamação crônica que favorece o crescimento de células cancerígenas. Somado a isso, há uma elevação na produção de hormônios capazes de estimular o surgimento e a proliferação do tumor.
Além disso, uma alimentação rica em gordura animal também parece ser prejudicial. E, embora ainda seja assunto de muito debate, alguns estudos sugerem que, quanto mais inflamatória a sua dieta (rica em carne vermelha e carboidratos livres), maior a chance de desenvolver um câncer de próstata, particularmente em fases mais avançadas.
Por outro lado, alimentações mais saudáveis podem ter um efeito protetor para a próstata, especialmente o consumo aumentado de alimentos ricos em licopeno (como tomate e goiaba vermelha) e de vegetais crucíferos (brócolis e couve-flor, por exemplo). De tal forma que vegetarianos chegaram a ter uma redução de cerca de 40% no risco de câncer de próstata em um grande estudo britânico com mais de 400 mil pessoas.
Enfim, conhecer melhor o câncer de próstata é um passo importante na luta contra essa doença tão prevalente no Brasil e no mundo. Precisamos, portanto, ser proativos no cuidado da nossa própria saúde, o que inclui adotar um estilo de vida mais saudável: ter uma alimentação não inflamatória e controlar o peso são elementos essenciais para combater não apenas o câncer de próstata, mas também diversos outros tipos de tumores.
*Antonio Carlos Buzaid é diretor médico geral do Centro de Oncologia da BP – A Beneficência Portuguesa de São
Paulo e fundador do Instituto Vencer o Câncer
*Jéssica Ribeiro Gomes é médica oncologista Clínica da Rede Meridional (ES)