Nessa segunda-feira, 17, comemora-se o Dia Mundial de Combate à Dor. Fenômeno universal e subjetivo, a dor é expressa de forma única em cada ser humano, varia nas diferentes culturas e sofre influência de fatores biológicos, psicológicos e sociais.
A Sociedade Internacional de Estudos para Dor (IASP) conceitua dor como uma “experiência sensitiva e emocional desagradável associada, ou semelhante àquela associada, a uma lesão tecidual real ou potencial” e a classifica como aguda (duração de até 3 meses) ou crônica (duração maior que 3 meses).
Em relação à prevalência, estima-se que 2,4 bilhões de pessoas sofrem de dor crônica, ou seja, mais de 30% da população mundial. Um estudo brasileiro estimou a prevalência de dor crônica nas diferentes regiões do país entre 23% a 76%, variações que se relacionaram a fatores como idade, sexo, profissão, clima, entre outros.
Determinante de consequências físicas, emocionais, sociais, sexuais, profissionais, a dor gera incapacidade, sofrimento e forte impacto na qualidade de vida. A nível governamental e de saúde pública, a dor crônica acarreta altos custos financeiros e sociais não apenas pelo tratamento, mas pelo maior número de licenças médicas, absenteísmo e incapacidade.
Entretanto, embora se reconheça a dor crônica como um problema mundial, ainda existem grandes lacunas carentes de solução no que tange ao seu diagnóstico, tratamento e impacto na qualidade de vida da população.
Sendo assim, se a dor é uma das queixas mais frequentes nos atendimentos emergenciais ou ambulatoriais, quais são as dificuldades para diagnosticá-la e combatê-la, principalmente aqui no Brasil? Infelizmente, são muitas.
Apesar da Organização Mundial da Saúde reconhecer a dor crônica como doença, corroboram na persistência do quadro doloroso o desconhecimento dos profissionais de saúde sobre o tema, a desinformação sobre os fármacos adequados para o alívio da dor, as poucas opções de medicamentos analgésicos oferecidos pelo SUS e muitas vezes a falta de compassividade ao sofrimento dos doentes. Muitos desses problemas acontecem também no atendimento privado.
Como melhorar esse cenário?
Com um olhar mais contundente das universidades e residências médicas, inserindo o tema na sua grade educacional; promoção da educação continuada aos profissionais de saúde e aos médicos especialistas e generalistas e, sobretudo, ampliação na rede pública e privada das práticas analgésicas farmacológicas e não-farmacológicas visando o alívio da dor e a melhora da qualidade de vida.
A palavra de ordem é INTERESSE — dos órgãos públicos, dos dirigentes e dos profissionais de saúde — para juntos desenvolvermos habilidades que façam a diferença na vida dos doentes e que nos permitam comemorar de fato o Dia Mundial de Combate à Dor.