Certamente você já teve um conhecido ou familiar que apresentou uma forte crise de cálculo renal, conhecido popularmente como “pedras nos rins”. Igualmente já deve ter ouvido falar de pessoas que vão fazer exames de check-up de rotina e descobrem que têm o problema mesmo sem apresentar sintomas.
Pois é, essa condição pode ser tanto dolorosa como assintomática, e hoje sabemos que alguns fatores de risco contribuem para seu aparecimento, como obesidade, sedentarismo, diabetes, histórico familiar, erros dietéticos, distúrbios metabólicos e anatômicos, entre outros.
De acordo com a Sociedade Brasileiro de Urologia (SBU), uma em cada dez pessoas sofre com desconfortos causados por cálculos renais. Estima-se, ainda, que 10% da população tenha o problema, sendo mais prevalente nos homens e com maior predominância em pessoas entre 20 a 50 anos. Todas as faixas etárias podem ser acometidas e, infelizmente, ela tem um caráter redicivante, ou seja, uma pessoa pode ter o problema várias vezes no decorrer da vida.
A boa notícia é que, hoje, temos vários procedimentos que são pouco invasivos e que podem remover os cálculos sem a necessidade de cortes, apresentando excelente recuperação, convalescença rápida e curto período longe de suas atividades habituais. No último Congresso Americano de Urologia, foram apresentados novos equipamentos, alguns deles já disponíveis no Brasil.
Com os recentes avanços tecnológicos, sabemos que a cirurgia tem se tornado cada vez menos agressiva com dispositivos menores e litotridores – aparelhos para quebrar as pedras – de alta potência. Eles são úteis diante de cálculos que não serão expelidos espontaneamente e poderão obstruir as vias urinárias e provocar esse e outros transtornos.
Exames de rotina são importantes para identificar a presença de pedras e, dependendo da situação, guiar um tratamento adequado para sua remoção, evitando que alguma complicação possa ocorrer, como um episódio agudo de dor e necessidade de procedimentos de urgência.
Existem diversos tamanhos e localizações de pedras dentro da via urinária – nos rins, nos ureteres e na bexiga. Como dito acima, elas podem ser assintomáticas ou levar à quadros de dor súbita e de alta intensidade, podendo irradiar para a região das costas e do abdômen, levar a náuseas e vômitos, assim como gerar sangramento na urina, infecções urinárias e comprometimento da função dos rins.
Essas são algumas características que definem a necessidade ou não de realizar a extração desses cálculos por meio de intervenções cirúrgicas. É importante pontuar que, independentemente da necessidade ou não de intervenção, os pacientes devem ser orientados a adotar cuidados dietéticos para minimizar o risco de desenvolver essas pedras.
Uma das orientações é caprichar na hidratação diária, pois provocará a necessidade de urinar 2 dois litros ao dia ou mais, de forma clara e diluída. Além disso, reduzir a ingestão de sal e de excesso de proteína animal, seguir uma dieta balanceada e controlar o peso são medidas relevantes para essa finalidade.
Por fim, vários exames feitos em laboratório nos ajudam a investigar as alterações metabólicas que predispõem a formação dos cálculos renais. Felizmente, os recursos médicos para contê-los evoluíram bastante.
* Antonio Corrêa Lopes Neto é urologista, coordenador do Departamento de Litíase Urinária e Endourologia da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) de São Paulo e professor do Centro Universitário da Faculdade de Medicina do ABC