Antes de definir o melhor açúcar para consumir, vale lembrar que o Brasil é um dos países de maior consumo no mundo de açúcares, estando inclusive à frente dos Estados Unidos. O brasileiro consome, em média, 30 kg de açúcar ao ano, sendo que a Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza o consumo de 18,2 kg!. Quase 17 kg desse consumo anual vêm da adição domiciliar.
Temos o mau hábito de acrescentar açúcar em preparações que em outras partes do mundo não são comuns, como cafés, chás, achocolatados, frutas, sucos, geleias. Os outros 13 kg de açúcar consumidos estão nos alimentos in natura (frutas, por exemplo), adicionados aos alimentos processados (achocolatados e iogurtes) e intrínsecos dos alimentos processados (sucos de caixa e geleia).
Um segundo problema que enfrentamos é o fato de que os rótulos dos alimentos são pouco compreensíveis e falhos em informações adequadas. Existe inclusive uma campanha em curso com o objetivo de melhorar a rotulagem dos produtos, a fim de que as pessoas possam fazer escolhas alimentares mais conscientes e, consequentemente, mais saudáveis.
Por que controlar a ingestão de açúcar?
Além da obesidade, com índices crescentes (inclusive nos jovens), o excesso de açúcar na alimentação estimula secreções cada vez maiores de insulina e sobrecarrega a função pancreática. Os indivíduos que têm reserva pancreática limítrofe, podem com o tempo iniciar um quadro de intolerância à glicose e progredir até para o diabetes. Os níveis de insulina elevados favorecem também a retenção de água e sal no organismo, formação de gordura abdominal e aumento do apetite.
E qual a diferença entre os diversos produtos?
Nas prateleiras dos supermercados, a cada dia aparece um rótulo diferente de açúcar: orgânico, refinado, mascavo, cristal, demerara, light. Vale lembrar que a principal matéria prima do açúcar é a cana, que antes de chegar à nossa mesa passa por diversas etapas de fabricação: moída, purificada, filtrada, evaporado e por fim refinamento. Quanto mais escuro o açúcar, mais vitaminas e sais minerais ele tem, e mais perto do estado bruto ele está.
A desvantagem da aparência de cor branca e refinada é a retirada da maioria de nutrientes e fibras, e a adição de aditivos químicos. Entretanto, o valor calórico de todos os tipos é muito semelhante: 20 kcal cada colher de chá (5g). Por isso, a escolha envolve a presença ou não de nutrientes como: cálcio, manganês, magnésio, fósforo, ferro, potássio e sódio, além da adição ou não de aditivos químicos. A única exceção fica para o açúcar light, que como é uma mistura de açúcar refinado com adoçantes artificiais, tem metade das calorias dos demais.
Por essas razões, a maior preocupação não deve estar só no tipo a ser consumido, mas na quantidade diária. Sabemos que esse açúcar, muitas vezes tem a função de satisfação, prazer ou premiação. Quem não busca um doce nos momentos de tristeza ou ansiedade? Entretanto controlar esses sentimentos com açúcar pode não ser saudável e algumas pessoas podem perder o controle e necessitar de doses cada vez maiores.
Reduza porções
O importante é tentar reduzir a quantidade de açúcar nas preparações de casa (sucos, achocolatados, doces, em cima das frutas) e se possível suspender. Observe os rótulos dos alimentos para evitar produtos muito ricos em açúcar (geralmente estarão em excesso quando aparecerem logo no início da lista de ingredientes).
Atenção aos açúcares adicionados pela indústria que usam nomes diferentes (xarope invertido, açúcar invertido, xarope simples, açúcar líquido, xarope de glicose/glucose, açúcar VHP, xarope de milho, xarope de frutose, etc). Prefira produtos diet ou sem adição de açúcares.
Aprenda a saciar a vontade do doce com frutas cozidas ou assadas, principalmente para as crianças. Reserve as sobremesas para os dias especiais e limitando a poucos dias por semana.
A prevenção começa dentro de casa e com os pais!
Quem faz Letra de Médico
Adilson Costa, dermatologista
Adriana Vilarinho, dermatologista
Ana Claudia Arantes, geriatra
Antonio Carlos do Nascimento, endocrinologista
Antônio Frasson, mastologista
Artur Timerman, infectologista
Arthur Cukiert, neurologista
Ben-Hur Ferraz Neto, cirurgião
Bernardo Garicochea, oncologista
Claudia Cozer Kalil, endocrinologista
Claudio Lottenberg, oftalmologista
Daniel Magnoni, nutrólogo
David Uip, infectologista
Edson Borges, especialista em reprodução assistida
Fernando Maluf, oncologista
Freddy Eliaschewitz, endocrinologista
Jardis Volpi, dermatologista
José Alexandre Crippa, psiquiatra
Ludhmila Hajjar, intensivista
Luiz Rohde, psiquiatra
Luiz Kowalski, oncologista
Marcus Vinicius Bolivar Malachias, cardiologista
Marianne Pinotti, ginecologista
Mauro Fisberg, pediatra
Miguel Srougi, urologista
Paulo Hoff, oncologista
Raul Cutait, cirurgião
Roberto Kalil, cardiologista
Ronaldo Laranjeira, psiquiatra
Salmo Raskin, geneticista
Sergio Podgaec, ginecologista