Por uma série de fatores, que vão desde o próprio sucesso da imunização até as fake news, as metas de vacinação no Brasil despencaram nos últimos anos. Na pandemia piorou, claro, mas, mesmo antes disso, as baixas taxas de vacinação já representavam um fenômeno preocupante, com as metas recomendadas distantes de serem alcançadas em todo o Brasil.
Isso fez com que a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) se mobilizasse para trazer um alerta nacional e desenvolver, junto com apoiadores, a campanha “Tá vacinado?”. Estamos falando de uma iniciativa voltada para o público leigo a fim de conscientizar todos sobre a relevância da vacinação, mas agora com foco maior na população adulta.
Por meio de uma extensa programação nos canais digitais e em outros meios de comunicação, a campanha abrange todas as vacinas disponíveis e adverte sobre a importância da prevenção do adulto, já que é um público que ainda se vacina pouco e precisa saber dos riscos de não se imunizar e, sobretudo, que vacina não é só para bebês, crianças, em surtos ou pandemias. Vacina é para se proteger – sempre. E para todas as idades.
O objetivo da SBI é reforçar a causa e sensibilizar a sociedade civil sobre o papel dos imunizantes na prevenção de doenças infecciosas, muitas destas graves e que são passíveis de prevenção. Sem a vacinação em massa, a população fica desprotegida. E o que notamos são problemas de saúde sérios que vão desde absenteísmos no ambiente de trabalho até pronto-socorros cheios, internações e outras situações que podem sobrecarregar os atendimentos de saúde, sejam públicos ou privados.
Hoje, os baixos índices de vacinação (em todas as faixas etárias) mostram uma realidade contraditória, ou seja, um cenário com menos saúde e mais doentes. Inclusive, algumas doenças já controladas voltaram e outras têm risco iminente de retorno.
Tudo isso pode ser contornado com a vacinação. A SBI quer mudar os índices vacinais no Brasil e aposta nessa nova campanha para que a população abrace a causa e esteja mais protegida.
Proteção coletiva
Queremos que as pessoas estejam atentas ao calendário vacinal, inclusive quando perguntarmos a cada uma delas: Tá vacinado? Os benefícios da vacinação na proteção coletiva são bem estabelecidos e estão embasados em dados comprovados cientificamente como medida de promoção de saúde coletiva.
Outro aspecto importante, ponto focal e presente na iniciativa, é que pacientes oncológicos, transplantados, com doenças autoimunes, diabéticos, hipertensos, cidadãos com HIV e vários outros públicos também devem priorizar a vacinação a partir da orientação médica. Reiteramos: vacina é para todos.
Para quem está na linha de frente da imunização como nós, infectologistas e pediatras, essa bandeira é permanente. Mas queremos que essa campanha também seja um convite também aos geriatras, ginecologistas, endocrinologistas, reumatologistas, nefrologistas, oncologistas, neurologistas, clínicos gerais e tantas outras especialidades, aumentando a capilaridade dessa causa.
Por fim, devemos saber que “se eu me vacino eu protejo o próximo”. Essa é uma das principais mensagens que queremos reforçar e, cada vez mais, reproduzir em escolas, empresas, organizações não governamentais… O compromisso da SBI e da campanha “Tá vacinado?” é muito maior e se estende em ações e eventos que, em comum, buscam tornar realidade essa missão em nome do bem-estar e da saúde pública. Podemos mudar. Precisamos mudar. Vamos mudar, juntos.
Já checou sua caderneta de imunização? E, aí, tá vacinado?
* Alberto Chebabo é médico e presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI)