Fortaleça o jornalismo: Assine a partir de R$5,99
Imagem Blog

Maílson da Nóbrega

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
Continua após publicidade

Dá para esquecer o governo?

A estabilidade institucional é essencial para o setor privado

Por Maílson da Nóbrega Atualizado em 4 jun 2024, 12h01 - Publicado em 8 Maio 2022, 08h00

“The sick man of Europe” (o membro mais fraco da Europa) é o rótulo atribuído a qualquer nação europeia que enfrente dificuldades econômicas. Em meados do século XIX, o czar Nicolau I o teria aplicado pioneiramente à Turquia, em meio ao declínio do Império Otomano.

No século XX, outros países mereceram o título, caso do Império Russo em 1917. Nos anos 1920, foi a vez da República de Weimar (Alemanha). Nas décadas de 60 e 70, o Reino Unido tornou-se o sick man of Europe, dado o mau desempenho de governos trabalhistas. Nos anos 1990, o título coube à Alemanha, pelos efeitos negativos da reunificação. Em 2005, ganhou a Itália por seus problemas estruturais e dificuldades de promover reformas econômicas. Em 2018, ela voltou ao pódio com o impasse pós-­eleitoral.

A Itália, tal como o Brasil, tem sofrido altos custos decorrentes de burocracia, corrupção, carga tributária elevada, mercado de trabalho rígido, sistema judiciário ineficaz e complexa estrutura regulatória. Mesmo assim, nas duas vezes do seu “reinado”, empresários e a imprensa afirmavam que as empresas não se importavam com o governo e podiam expandir-se independentemente desse ambiente. Era um mito. Recentemente, diante da instabilidade macroeconômica e das confusões do atual governo, empresários brasileiros pensam imitar os italianos. Melhor, dizem, esquecer a política e focar os negócios.

“Empresários tentam ignorar a política e focar os negócios, um raciocínio sem base”

Não há base para tal raciocínio. Ainda que existam empresas que prosperem em meio a climas desfavoráveis, isso não pode ser generalizado. O setor privado depende de instituições que assegurem o normal funcionamento dos mercados e principalmente de estabilidade macroeconômica e política que forneçam previsibilidade e segurança jurídica. A ausência desses fatores costuma gerar inflação alta, incertezas, queda da atividade econômica, redução da demanda por produtos e serviços, e riscos de intervenções súbitas e equivocadas na economia. Deficiências de infraestrutura elevam custos de fretes ou interrupções de energia elétrica, o que impacta na eficiência, na competitividade e na lucratividade das empresas. Disfunções nos mercados de crédito e de capitais, além de oscilações desenfreadas da taxa de câmbio, causadas por má gestão do governo, prejudicam os negócios.

Continua após a publicidade

Bons governos promovem a prosperidade, impulsionam a economia e ampliam os mercados das empresas, o que estimula o investimento, a inovação e os ganhos de produtividade. Ganham o país e o setor privado. Maus governos turvam o ambiente, provocam distúrbios, aumentam custos, inibem o investimento e criam riscos de ondas de prejuízos e falências.

Não existe, pois, um universo paralelo em que as empresas podem operar “esquecendo” o governo ou alheias à política. Os empresários precisam estar atentos à evolução dos cenários e, sempre que possível, participar do debate de ideias e de articulações que permitam a escolha de bons governos. A alienação pode ser fatal.

Publicado em VEJA de 11 de maio de 2022, edição nº 2788

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.