Fortaleça o jornalismo: Assine a partir de R$5,99

Maílson da Nóbrega

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
Continua após publicidade

É para valer?

Os candidatos raramente indicam o custo de suas propostas

Por Maílson da Nóbrega Atualizado em 4 jun 2024, 11h19 - Publicado em 11 mar 2023, 08h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Comenta-se com frequência sobre promessas de campanha de Lula, admitindo-se que ele deveria dispor dos meios para cumpri-las, sem questionar sua viabilidade fiscal. Nem sempre, porém, tais promessas integram programas eleitorais bem elaborados. Eles constituem exigência de lei, mas raríssimos contêm ideias compatíveis com a situação fiscal do país. Muitos recorrem a platitudes para justificar compromissos grandiosos. Nas eleições passadas, Lula disse que somente apresentaria seu programa de governo se fosse eleito.

    Nos países ricos, costumam-se valorizar programas eleitorais, que têm por hábito ser bem fundamentados. Indicam políticas a ser implementadas, se aprovadas nas urnas. Nas últimas décadas, 74% dos parlamentares americanos do Partido Democrata e 89% do Partido Republicano votaram em linha com os programas eleitorais de suas agremiações.

    Em 2017, o American Journal of Political Science publicou estudo indicando que partidos cumpriram boa parte de suas promessas em doze países (Alemanha, Áustria, Bulgária, Canadá, Espanha, Estados Unidos, Irlanda, Itália, Holanda, Portugal, Suécia e Reino Unido).

    Nas últimas eleições, o PT divulgou “diretrizes” para o Programa de Reconstrução e Transformação do Brasil. Trata-se de um conjunto de ideias genéricas, nas quais o partido assinalou que seu “horizonte é a criação de um projeto justo, solidário, sustentável, soberano e criativo para um Brasil que seja de todos os brasileiros e brasileiras”.

    Continua após a publicidade

    “Em lugar algum do texto elaborado pelo PT aparecem as medidas para chegar aos resultados”

    Assumiu como primeiro e mais urgente compromisso “a restauração das condições de vida da imensa maioria da população brasileira — os que mais sofrem com a crise”. Promessas de políticas públicas permearam todo o texto, mas em nenhum lugar aparecem medidas para alcançar resultados, nem os respectivos custos fiscais ou sua viabilidade. Fica parecendo que bastaria vontade política.

    Promessas eleitorais não são esculpidas em pedra, como parecem sugerir os que defendem o cumprimento daquelas feitas pelo PT em seus discursos de campanha. É o caso do benefício de 150 reais por filho de até 6 anos de integrantes do Bolsa Família e da ampliação de investimentos públicos. Dificilmente se examinou a sério sua oportunidade, conveniência ou factibilidade.

    Continua após a publicidade

    No mundo, há muitos exemplos de promessas que, integrantes ou não de programas bem estruturados, não foram cumpridas. Merecem destaque duas delas: (1) o primeiro-ministro da Austrália Bob Hawke prometeu, em 1987, que, em seu país, nenhuma criança viveria mais na pobreza até o ano de 1990; (2) o presidente americano Barack Obama estabeleceu o compromisso, durante o pleito de 2008, de fechar a prisão de Guantánamo, que os americanos mantêm em Cuba.

    Na América Latina, é muito conhecido o “estelionato eleitoral”, quando um candidato eleito adota ideias contrárias às que apresentou na campanha.

    Ainda vai demorar muito até que todos os partidos apresentem programas eleitorais dignos desse nome. Neste momento, é preciso parar de insistir que qualquer promessa eleitoral de Lula deve ser cumprida.

    Continua após a publicidade

    Publicado em VEJA de 15 de março de 2023, edição nº 2832

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.