Fortaleça o jornalismo: Assine a partir de R$5,99
Imagem Blog

Maílson da Nóbrega

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
Continua após publicidade

Riscos de derrotas do ministério da Economia

A prevalência da opinião do Ministério da Agricultura no caso da importação de leite emite sinais preocupantes para o futuro da política econômica

Por Maílson da Nóbrega
13 fev 2019, 12h43

O primeiro embate entre ministérios do governo Jair Bolsonaro se deu entre as pastas da Economia e da Agricultura. É uma repetição de outros tempos e tende a se aprofundar diante do aumento da influência da bancada ruralista na definição de rumos da política econômica. Por ora, o perdedor é a Economia, ainda que a derrota não seja grave.

A pressão inicial, na verdade uma reclamação, veio da ministra da Agricultura. Ela reagiu a uma declaração do presidente do Banco do Brasil, para quem o setor já pode pagar as taxas de mercado em suas operações de crédito. O BB está correto, mesmo porque é crescente a participação do mercado de capitais no financiamento da agricultura, via títulos de origem rural (LCA e CRA). Para a ministra, é preciso não “desmamar” (a palavra foi dela) a agricultura de uma vez só, isto é, reduzir instantaneamente os subsídios do crédito rural.

Calcula-se que mais de 15% dos recursos para financiar a agricultura vêm dos mercados de capitais. Essa proporção tende a crescer à medida que se amplia o efeito da nova Taxa de Longo Prazo (TLP), que reduzirá o peso do crédito direcionado na economia brasileira, aumentará a potência da política monetária e contribuirá para a queda da taxa de juros em geral no Brasil.

O ministério da Economia teve que recuar da eliminação de taxas antidumping incidentes sobre a importação de leite da União Europeia e da Nova Zelândia. A saída foi aumentar o imposto de importação sobre o leito procedente dessas duas áreas, de 28% para 42,8%. Há sinais de que o desempate foi realizado pelo presidente, que em mensagem via Twitter anunciou a medida, assinalando que “o governo, tendo à frente a ministra da Agricultura Tereza Cristina, manteve o nível de competitividade do produto com outros países. Todos ganharão, em especial os consumidores do Brasil”.

Continua após a publicidade

Bolsonaro está equivocado. Os ganhadores serão os produtores de leite e não os consumidores, que pagarão mais caro pelo produto, que é essencial na alimentação, especialmente das camadas menos favorecidas.

A decisão pode ser um mal sinal, por três motivos. Primeiro, mostra que a força da bancada ruralista é capaz, como nunca, de sobrepor-se a medidas do ministério da Economia. Segundo, indica que o presidente pode arbitrar conflitos internos do governo cedendo a pressões de grupos de interesse, ainda que a opinião da área econômica possa ser superada com argumentos razoáveis. Terceiro, o presidente parece reagir por impulsos via redes sociais, sem beneficiar-se dos filtros que costumam existir para preservar de erros o chefe do governo, especialmente em questões econômicas.

Paulo Guedes precisa investir na articulação política de suas propostas e na percepção da força de grupos de interesse. Deve, além disso, pôr suas barbas de molho.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.