7 de Setembro: quem estará – e quem discursará – no palanque de Bolsonaro
Claque inclui mais de 50 deputados e senadores; ex-presidente se reúne com Ricardo Nunes e Tarcísio de Freitas horas antes
O ato convocado por Jair Bolsonaro para o próximo sábado, 7 de setembro, na Avenida Paulista, deverá reunir dezenas de parlamentares, candidatos e aliados do ex-presidente. Como mostra a edição de VEJA desta semana, o evento deverá ser turbinado por críticas ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e pelo bloqueio à plataforma X, de Elon Musk.
A claque que deverá estar presente terá cerca de 50 deputados federais — entre eles Nikolas Ferreira (PL-MG), Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Gustavo Gayer (PL-GO), Bia Kicis (PL-DF) e Júlia Zanatta (PL-SC) — e dezesseis senadores — como Marcos Pontes (PL-SP), Rogério Marinho (PL-RN), Jorge Seif (PL-SC) e Magno Malta (PL-ES). A organização tem sido feita pelo pastor Silas Malafaia — que é também patrocinador do evento — e pelo deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).
Conforme anunciado por Bolsonaro, “qualquer candidato à Prefeitura de São Paulo” poderá participar do evento. Segundo os organizadores, até sexta-feira, 6, dois postulantes haviam confirmado presença: Marina Helena (Novo) e Pablo Marçal (PRTB). O ex-coach está em viagem a El Salvador e, questionado se estaria de fato presente no ato, respondeu, por meio de sua assessoria, que sua presença será “surpresa”. Por outro lado, o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), disse em entrevista à Rádio Eldorado, no início da semana, que deverá estar presente no ato, mas que não pedirá o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), um dos prováveis temas da manifestação.
Nunes e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), devem se reunir com Bolsonaro no Palácio dos Bandeirantes algumas horas antes do início do evento, previsto para começar às 14h. A presença do governador no trio, no entanto, não é certa. “Há a previsão do governador ir, mas a agenda é dinâmica”, diz um aliado próximo.
Quem irá discursar
Nem todos irão falar ao microfone no evento. A lista de quem vai discursar — autorizados por Bolsonaro — inclui os deputados Gustavo Gayer, Nikolas Ferreira, Bia Kicis e Júlia Zanatta e o senador Magno Malta.
Os filhos do ex-presidente Eduardo e Flávio Bolsonaro poderão falar se quiserem, assim como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. O pastor Silas Malafaia também irá fazer uso da palavra. Por fim, o último a discursar será Jair Bolsonaro.
Candidatos a prefeito já foram informados por Bolsonaro que não poderão usar o microfone, para não dar caráter eleitoral ao ato, segundo o ex-presidente.
Impeachment de Moraes
O evento, que tem sido alardeado como um ato “em defesa da democracia e da liberdade” tem reivindicações mais ruidosas. Entre elas, estão o pedido de anistia aos presos políticos do 8 de janeiro e a pressão pelo impeachment de Moraes, relator do inquérito que apura os atos antidemocráticos no Supremo.
A suspensão da rede X (antigo Twitter), ordenada pelo ministro, tem alavancado a adesão de aliados e simpatizantes ao evento, dizem os organizadores. A ideia é que se repita a “fotografia” da multidão levada à Paulista por Bolsonaro em fevereiro, quando o mote foi a defesa do próprio ex-presidente nos inquéritos dos quais é alvo, bem como o pedido por anistia.
À época, houve a orientação tácita de que os apoiadores não levassem faixas ou cartazes com dizeres contra as instituições e ministros do Supremo, a fim de evitar possíveis punições contra manifestações contrárias. Agora, o cenário é outro. “Com certeza, todos irão centrar fogo contra o Alexandre de Moraes. E ele está dando uma ajuda tremenda em relação a isso”, diz Silas Malafaia.
“As confusões do Alexandre de Moraes inflaram o movimento. A essa altura, está tão escancarada a perseguição do ‘ditador da toga’, que não temos receio de mais represálias”, diz o deputado.
Recuo
Bolsonaro, nos últimos dias, tem tentado “amenizar” a investida contra Moraes e chegou a pedir que apoiadores calibrem o tom das críticas e que não levem cartazes.
“A gente não quer provocar ninguém, não quer atacar ninguém (…) Não levem cartazes. Alguns estão achando que tem que levar. Ou seja, vai gente de esquerda se infiltrar, levantar cartazinho de AI-5, de intervenção e outras besteiras qualquer, levantando o nome do ministro, falando palavrão. Essas pessoas que estão estimulando as pessoas a se manifestarem com cartazes, pode ter um problema para essa pessoa. Se der um problema, vai fazer o que?”, disse em entrevista ao Canal AuriVerde Brasil.
“E queremos, a exemplo de fevereiro na Paulista e depois em Copacabana, é continuar nessa luta. Um retrato para o Brasil, uma imagem para o mundo. O mundo inteiro está de olho para o Brasil, com a questão do X, mostrar que não concordamos com essas medidas de censura. Não tem cabimento isso que está acontecendo”, afirmou.