A resposta dos EUA sobre o uso de cartão de vacinação falso por Bolsonaro
Polícia Federal apresentou no inquérito do caso das vacinas a resposta do Departamento de Justiça, solicitada pela Procuradoria-Geral da República
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos informou à Polícia Federal brasileira que não tem registros do uso de um suposto cartão de vacinação falsificado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para entrar no país em dezembro de 2022, dias antes do final do seu mandato. A informação foi apresentada nesta quinta-feira, 18, pela PF na investigação que apura se Bolsonaro falsificou os cartões de vacinação seu e de sua filha Laura para ingressar em solo estrangeiro.
O inquérito havia sido finalizado pela PF, mas o procurador-geral da República, Paulo Gonet, pediu mais investigações, inclusive para saber se Bolsonaro chegou ou não a usar o cartão falsificado. Junto com a resposta do Departamento de Justiça, a PF também entregou aos autos da investigação o conteúdo das apreensões dos celulares dos investigados no caso.
“Importante ressaltar que o Departamento de Justiça americano (DOJ) relatou que o U.S. Customs and Border Protection (CBP) não possui registros se os investigados supramencionados apresentaram comprovantes de vacinação contra a covid-19. Da mesma forma, os registros de controle de entrada e saída do território americano não trazem as informações se os investigados alegaram que foram vacinados ou que estavam isentos de apresentarem requisitos de vacinação”, diz o ofício apresentado pela PF.
No mesmo documento, as autoridades americanas explicaram que os comprovantes de vacinação “eram apresentados aos operadores das aeronaves antes do embarque em um voo com destino aos Estados Unidos”, procedimento de acordo com a determinação do presidente americano, Joe Biden.
Registro de ingresso no país
O ofício da Polícia Federal também afirma que, entre os dias 1º de janeiro de 2021 e 31 de março de 2023 foram encontrados registros de entrada nos EUA de Jair Messias Bolsonaro, Mauro Cesar Barbosa Cid, Gabriela Santiago Ribeiro Cid, Max Guilherme Machado de Moura, Sergio Rocha Cordeiro e Marcelo Costa Câmara — todos investigados pela PF no caso das vacinas.
O documento diz, mais à frente, que não encontrou registros de entrada dos investigados João Carlos De Sousa Brecha, Gutemberg Reis de Oliveira, Luis Marcos dos Reis, Ailton Gonçalves Moraes Barros, Farley Vinicius Alcantara, Eduardo Crespo Alves, Claudia Helena Acosta Rodrigues da Silva, Marcelo Fernandes de Holanda, Marcello Moraes Siciliano e Camila Paulino Alves Soares.
Filipe Martins
O nome do ex-assessor Filipe G. Martins não consta no documento. Ele foi preso preventivamente na operação da PF do dia 8 de fevereiro, sob a alegação de que sua ida para os EUA na comitiva de Bolsonaro no final de 2022 seria uma tentativa de fuga. A defesa contesta esse argumento, dizendo que Martins estava morando na casa da namorada, no interior do Paraná, local em que foi preso.