A ação de improbidade administrativa movida por 12 procuradores da República contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, veio no pior momento para o governo do presidente Jair Bolsonaro. Desde a última semana, o Planalto tem intensificado a ofensiva para melhorar a imagem do Brasil no exterior, sobretudo em relação à preservação da Amazônia, diante da ameaça de sanções econômicas e retirada de investimentos do país.
Como parte desse esforço, o vice-presidente Hamilton Mourão, coordenador do Conselho da Amazônia, irá nesta quinta-feira, dia 9, comandar uma reunião com investidores estrangeiros, que manifestaram preocupação com o desmatamento crescente na Amazônia. No fim de junho, representantes de 29 fundos internacionais, que administram cerca de 20 trilhões de reais, enviaram uma carta-manifesto a embaixadas brasileiras de oito países pedindo mais comprometimento com o meio ambiente.
Além de pedir o afastamento de Ricardo Salles do Ministério do Meio Ambiente, nesta segunda-feira, dia 6, o Ministério Público Federal também criticou a atuação dos militares no combate aos ilícitos ambientais. No entendimento dos procuradores, fiscais do Ibama exonerados por Salles conseguiram resultados melhores do que a GLO (Garantia da Lei e da Ordem) da Amazônia e “por um custo menor”.
Na ação, o MPF entendeu que é um ato de improbidade administrativa submeter o Ibama às Forças Armadas nas operações de fiscalização ambiental, e destacou que a ação militar tem previsão de gastos, para cada mês de funcionamento, de cerca de 60 milhões de reais, enquanto que o orçamento anual do Ibama em 2020 é de 76 milhões de reais. “Para a realização do mesmo trabalho e com mais eficiência e efetividade comprovada. (…) A implementação da GLO não foi capaz de, por si só, apresentar resultados de diminuição do desmatamento”, diz o texto.